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DEMOCRACIA ANDINA
O Peru vai às urnas domingo
para eleger o seu presidente. O
país andino tenta firmar sua democracia e preencher o vácuo político
deixado por Alberto Fujimori, que
dominou a cena peruana na última
década seja pela imagem de liderança -foi o responsável por estrangular a guerrilha e a inflação- seja pela
força. Fujimori fechou o Congresso,
promoveu expurgos no Judiciário e
fraudes eleitorais.
Com a queda em desgraça de Fujimori e seu auto-exílio no Japão desde
novembro, restam no páreo presidencial três candidatos: Alejandro
Toledo, Lourdes Flores e o ex-presidente Alan García.
Toledo, conhecido como "El Cholo", por suas origens indígenas, é o
favorito. Tendo passado por uma infância pobre, estudou economia em
Harvard e trabalhou no Banco Mundial e no BID. Apesar do currículo
acadêmico, é um "outsider" em relação à tradição partidária do Peru.
Ainda não deixou claro que política
econômica adotaria. Sua campanha
é vaga e está baseada no antifujimorismo radical e na promessa de democratização das instituições.
Disputando vaga para o segundo
turno, Lourdes Flores representa a
parcela dos peruanos que quer mudanças políticas, mas não econômicas. Simpatizante da direita cristã,
ela classifica Toledo de "liberal-populista". Alan García, outro com
chances, foi presidente de 85 a 90,
período em que tentou implementar
reformas liberais na economia. Deixou a Presidência acossado por denúncias de corrupção e com uma inflação anual de 7.000%.
Será com um desses candidatos
que Brasília terá de tratar no futuro.
O que se espera é que desta feita o governo brasileiro não cometa os erros
do passado, quando se comprometeu em demasia com o golpista Fujimori. A democracia peruana ainda se
assenta num substrato pantanoso.
Daí a importância da atuação coerente do Brasil, a fim de contribuir
para que os bons costumes políticos
se enraízem na América do Sul.
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