São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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ELIANE CANTANHÊDE

Malan vai, Malan vem

BRASÍLIA - Conforme antecipou o Painel da Folha na quarta-feira, FHC está empurrando o ministro Pedro Malan para se filiar a um partido político e se transformar numa carta na manga para a sucessão de 2002.
Pode não parecer, mas FHC é tucano, sim, e não sugeriria a Malan filiar-se ao PMDB, ao PFL, ao PT ou ao PC do B. Só poderia ser ao PSDB.
Como o PSDB é justamente o partido com a maior inflação de candidaturas, pode-se deduzir que FHC: 1) não gosta das opções já colocadas; 2) ao contrário, gosta tanto de uma delas que quer dividir as pedradas nela até 2002; 3) ou está apenas embaralhando as cartas para continuar reinando sozinho. E divertindo-se com a ansiedade dos candidatos, claro.
Quem conhece FHC sabe que, apesar de contraditórias, essas possibilidades são perfeitamente conciliáveis. Cada uma tem um alvo. Ele pode dizer para Malan que não gosta dos outros candidatos, a José Serra que só quer protegê-lo e a Tasso Jereissati, Paulo Renato e até Dante de Oliveira que embaralha as cartas para que todos tenham chance.
A filiação de Malan, pois, é muitíssimo conveniente para FHC. Resta saber até que ponto é também conveniente para o próprio Malan e para Serra, que hoje é o que tem mais pontos no Datafolha. A resposta parece fácil, se há algo fácil em tudo isso.
Malan: no mínimo, não perde nada; no máximo, vira candidato mesmo e não há santo que despreze essa condição. Serra: no mínimo, empurra Malan e Tasso (crítico da política econômica) um contra o outro; no máximo, divide por três a inevitável pancadaria contra o candidato tucano, seja quem for.
A filiação de Malan pode até ser uma jogada verdadeira, mas tem mais pinta de factóide. Serra está viabilizando seu nome, e FHC não só gosta como tem sido fundamental para seu crescimento nas pesquisas. Malan entrar na história não muda nem uma coisa nem outra.

E o Francisco Gros, esqueceu tudo o que assinou? Então, "de acordo".



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