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MARCELO BERABA
Tudo é possível
RIO DE JANEIRO - "País termina anos 90 tão desigual como começou." "Indicadores sociais melhoram;
concentração de renda não cai."
"Década do real não mudou a desigualdade econômica do país."
"País melhora, mas desigualdades
persistem".
"Renda cresce e desigualdade persiste."
Com raras exceções, essas foram as
manchetes de ontem dos principais
jornais do país depois que o IBGE divulgou os indicadores sociais da década de 90.
Na semana passada, a Folha já tinha dado manchete parecida -"Social melhora, mas desigualdade cresce"- quando a ONU e o Ipea divulgaram pesquisa sobre indicadores de
desenvolvimento humano e de condições de vida em doze capitais.
Não resta, portanto, qualquer dúvida. Este continua sendo o nosso grande problema: o bolo cresce, mas não é
dividido. A diferença de renda entre
as classes e as regiões persiste de forma iníqua.
Como escrevi na semana passada,
não criamos um país, mas uma máquina de concentração de renda e de
reprodução de desigualdades. Como
reverter esse quadro? Tudo indica
que dificilmente conseguiremos com
as políticas implementadas ao longo
das duas últimas décadas.
É interessante que esses dados -todos oficiais, deve-se frisar- surjam
exatamente quando Fernando Henrique pensa no seu ministro da Fazenda, Pedro Malan, o xerife da política econômica que manteve as desigualdades, como uma das possibilidades para a sua sucessão.
Mas como assistimos, nos anos 90,
os sociais-democratas implantarem e
gerirem com sucesso as políticas neoliberais, é possível que nos surpreendamos com um neoliberal implantando e gerindo com sucesso políticas
eficazes de distribuição de renda.
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