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Atenção com a China
A PARTIR de outubro de
2008, Brasil e Argentina,
líderes de um processo de
integração regional, instituíram
o Sistema de Pagamentos em
Moeda Local das importações e
exportações entre os dois países.
O governo brasileiro tenta ampliar a utilização do real nas
transações com outros países da
América do Sul. Apoia, desse modo, a utilização de moedas locais
no comércio regional para reduzir a dependência do dólar.
Na sexta-feira, no entanto, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deu um passo perigoso.
Propôs ao colega chinês, Hu Jintao, a utilização de suas respectivas moedas, real e yuan, no comércio bilateral, em substituição
ao dólar.
Em 2008, as exportações brasileiras para a China somaram
US$ 16,4 bilhões, sendo 60,3% de
produtos básicos. As importações atingiram US$ 20 bilhões,
fundamentalmente de produtos
manufaturados. O déficit comercial foi de US$ 3,6 bilhões. Supondo o comércio bilateral em
moedas locais, como seria efetuado esse pagamento para a
China? Os chineses aceitariam
pagamentos em reais?
Não interessa ao Brasil, vale
lembrar, congelar essa estrutura
de comércio extremamente desigual: exportam-se minérios de
ferro e alimentos e importam-se
máquinas e equipamentos.
Além disso, a proposta brasileira de diminuir a presença do
dólar nas transações comerciais
tem como contraface o fortalecimento da moeda chinesa. O regime de funcionamento do yuan,
entretanto, é um dos mais obscuros e imprevisíveis mecanismos
monetários do planeta -a começar pelo fato de que uma ditadura manipula a moeda como bem
entende.
O Brasil, ao contrário do que
propõe o presidente Lula, deveria liderar a resistência à penetração excessiva -e muitas vezes
assentada em práticas desleais
de comércio- dos interesses
chineses na América do Sul.
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