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ELIANE CANTANHÊDE
À mineira
BRASÍLIA - Hugo Chávez é um líder militar, de um país rico, alavancado pelo petróleo. Evo Morales é
um líder indígena, de um dos países
mais pobres do continente, dependente do gás. Petróleo é petróleo,
gás é gás. As reservas petrolíferas
bolivianas não chegam perto das
venezuelanas.
Pois bem. Enquanto as atenções e
expectativas se concentravam na
Venezuela e em Chávez, quem surpreende são a Bolívia e Morales. E
não apenas a imprensa, mas até o
governo brasileiro -positivamente.
As eleições regionais do final de
semana confirmam que Morales já
passou pelo pior. Enfrentou grandes empresas estrangeiras, a começar da Petrobras e da EMX brasileiras; confrontou os líderes "autonomistas" das regiões mais ricas; conseguiu mudar a Constituição e imprimir novos valores, até novos
símbolos, para uma Bolívia que é indígena na história e na alma.
Na política, o sucesso de Morales
pode ser resumido na sua reeleição,
no final do ano passado: ele teve
64% dos votos, um recorde incomparável nos últimos 50 anos no país.
E ninguém mais parece ter força para retomar a pressão pela autonomia das Províncias.
Na economia, os números são favoráveis: 3,7% de crescimento em
2009, ano de crise, inflação em 4% e
reservas internacionais em US$ 8,5
bilhões, para uma dívida externa de
U$ 2,5 bilhões. Nada mal.
Agora, é transformar tudo isso
em credibilidade externa, para
atrair investimentos, industrializar
o país e construir infraestrutura. A
hora é esta. Inclusive por causa da
comparação: se a Bolívia é ascendente, a Venezuela vive racionamento de energia, divisão polícia,
recessão. Sem falar na prisão de adversários e donos de TV.
Se você fosse investidor e quisesse apostar em hidrelétricas, petroquímicas, estradas, pontes e novos
polos agrícolas, iria para a Venezuela ou para a Bolívia? O governo brasileiro, a Petrobras e a EMX já têm a resposta pronta.
elianec@uol.com.br
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