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VIGILÂNCIA ELETRÔNICA
Não é absurdo traçar um paralelo entre o grau de civilidade
de um país e o comportamento de
seus motoristas. O pressuposto básico do trânsito, afinal, é o de que todos os condutores são iguais e estão
sujeitos às mesmas regras criadas
em bases exclusivamente racionais.
Se elas são corretamente aplicadas e
respeitadas, o sistema funciona. Caso contrário, verificam-se altos índices de acidentes e de mortes.
Por esse critério, o Brasil ainda vive
no tempo das cruzadas. No trânsito,
o brasileiro revela toda a sua barbárie, produzindo 40 mil mortos por
ano, número alto até para conflitos
armados. Os EUA levaram mais de
dez anos para perder 50 mil homens
na Guerra do Vietnã (1964-1975).
Nesse contexto, apesar da previsível onda de protestos, é elogiável a
proposta da Prefeitura de São Paulo
de inaugurar a fiscalização eletrônica
do rodízio de veículos. O rodízio, é
verdade, não tem uma relação direta
com a segurança, mas não há a menor dúvida de que a opção por formas automatizadas de impor as regras é o caminho a ser seguido -obviamente, desde que utilizado com
propósitos educativos e não para alimentar a "indústria de multas".
Os poucos avanços na redução de
mortes em acidentes automobilísticos registrados nos últimos anos são
atribuídos a dois fatores: a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança
e o advento dos sistemas eletrônicos
de controle de velocidade. Ao que parece, o bolso ainda é a melhor forma
de convencer o motorista de que as
regras precisam ser cumpridas.
Seria preferível se as pessoas seguissem a lei por estarem convictas
de que é o melhor para a sociedade e
para elas próprias. Mas, como não é
assim, ampliar a fiscalização eletrônica para tantas infrações de trânsito
quanto seja possível parece ser a melhor opção para reduzir os altos índices de acidentes de trânsito.
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