São Paulo, sexta-feira, 06 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIGILÂNCIA ELETRÔNICA

Não é absurdo traçar um paralelo entre o grau de civilidade de um país e o comportamento de seus motoristas. O pressuposto básico do trânsito, afinal, é o de que todos os condutores são iguais e estão sujeitos às mesmas regras criadas em bases exclusivamente racionais. Se elas são corretamente aplicadas e respeitadas, o sistema funciona. Caso contrário, verificam-se altos índices de acidentes e de mortes.
Por esse critério, o Brasil ainda vive no tempo das cruzadas. No trânsito, o brasileiro revela toda a sua barbárie, produzindo 40 mil mortos por ano, número alto até para conflitos armados. Os EUA levaram mais de dez anos para perder 50 mil homens na Guerra do Vietnã (1964-1975).
Nesse contexto, apesar da previsível onda de protestos, é elogiável a proposta da Prefeitura de São Paulo de inaugurar a fiscalização eletrônica do rodízio de veículos. O rodízio, é verdade, não tem uma relação direta com a segurança, mas não há a menor dúvida de que a opção por formas automatizadas de impor as regras é o caminho a ser seguido -obviamente, desde que utilizado com propósitos educativos e não para alimentar a "indústria de multas".
Os poucos avanços na redução de mortes em acidentes automobilísticos registrados nos últimos anos são atribuídos a dois fatores: a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança e o advento dos sistemas eletrônicos de controle de velocidade. Ao que parece, o bolso ainda é a melhor forma de convencer o motorista de que as regras precisam ser cumpridas.
Seria preferível se as pessoas seguissem a lei por estarem convictas de que é o melhor para a sociedade e para elas próprias. Mas, como não é assim, ampliar a fiscalização eletrônica para tantas infrações de trânsito quanto seja possível parece ser a melhor opção para reduzir os altos índices de acidentes de trânsito.


Texto Anterior: Editoriais: DECORO PARLAMENTAR
Próximo Texto: Paris - Clóvis Rossi: A novela "Brasil"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.