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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Um delicado problema
A BOLÍVIA e a Venezuela
transformaram a questão
energética em um caloroso
debate político.
Nos anos 70, a Opep usou e abusou da mesma estratégia. Hoje, a
Rússia também pressiona de forma
brutal os países consumidores do
seu gás, em especial os do Leste Europeu. Tudo indica que essa nova
modalidade de "Guerra Fria" vai
continuar por muito tempo.
O que não se esperava era ver em
pleno século 21 governos eleitos
pelo voto popular presumivelmente democráticos passando por cima
do direito de propriedade, nacionalizando fontes de energia e confiscando receitas de empresas legalmente constituídas, como é o
caso das unidades da Petrobras na
Bolívia.
Depois de enormes investimentos realizados naquele país e da
construção de um gigantesco gasoduto, o Brasil recebe, como troco,
uma intervenção atrás da outra. A
situação é séria. Fala-se até no confisco do capital de giro da Petrobras
e na estatização das suas refinarias
a preço de banana.
Mais grave, porém, é enfrentar
um eventual desabastecimento de
gás no Brasil, fato que pode ocorrer
a qualquer instante, sem aviso prévio e nos momentos mais críticos
como, por exemplo, quando se precisar daquele energético para tocar
as usinas termelétricas.
Não há o que esconder. Precisamos ampliar muito a nossa capacidade energética. O Brasil pode ter o
seu crescimento severamente
comprometido se não investir rapidamente nesse campo.
Infelizmente, os investimentos
têm sido pífios quando comparados com as necessidades do país. As
obras, que normalmente são demoradas para serem desenvolvidas, sofrem entraves adicionais antes do seu início, na fase de obtenção das licenças ambientais. Até
hoje nossas autoridades não entenderam ser possível crescer preservando o planeta.
Não há nada de contraditório entre crescimento e ambiente. O Brasil possui inúmeros exemplos de
empresas que reconstruíram a natureza durante e depois de erguidas as usinas elétricas. Não entendo por que tanta celeuma a respeito de falsos conflitos que podem
ser perfeitamente acomodados.
Será que as recentes medidas burocráticas na área ambiental vão
resolver essa falta de entendimento? Não seria melhor discutir-se
abertamente as diferenças, sem
ideologias e sob a liderança firme
de um governante que sabe não ser
possível crescer mais de 4% com a
atual oferta de energia?
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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