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Depois da chuva
Lagos de hidrelétricas se recuperam, mas governo deveria tomar medidas preventivas a fim de evitar apagão à frente
A ESTAÇÃO chuvosa, embora tardia, recuperou
os principais reservatórios hidrelétricos do
país. À exceção da região Sul, que
enfrentava uma seca, o nível de
água armazenada para gerar
energia elétrica em março deste
ano já estava 70% acima do preocupante índice de dezembro passado no sistema Sudeste/Centro-Oeste. No
Nordeste, onde
lagos estavam
bastante vazios,
o salto foi de
150%.
As chuvas,
aliadas ao acionamento emergencial de geração térmica, diluíram bastante
o risco de um racionamento no
curto prazo.
Além disso, a
temperatura amena do último
mês de verão ajudou a refrescar a
demanda por eletricidade, que
cresceu apenas 3,1% sobre março de 2007, bem menos que o ritmo de acréscimo acumulado em
12 meses, de 5,5%.
A sorte ajudou, portanto, mas é
imprudente manter a política
energética tão atrelada aos humores atmosféricos, que vez ou
outra pregam peças. Por mais
que tenha se recuperado, o nível
dos reservatórios hidrelétricos
dificilmente vai começar o estio
exibindo as altas cifras do ano
passado. A partir de 2009, caso o
ritmo de crescimento do PIB se
sustente, o país começará a
adentrar uma zona em que o risco de faltar energia é maior.
Há algumas boas notícias recentes a respeito seja do suprimento de gás natural, combustível de usinas térmicas, seja das licitações para grandes hidrelétricas na Amazônia. Mas há, igualmente, fatos muito preocupantes. Como informou ontem este
jornal, metade das 508 geradoras
prometidas por empreendedores diversos à Agência Nacional
de Energia Elétrica não tem previsão para início de operação.
Outra fatia ponderável, de 18%,
registra atraso nas obras.
O governo se defende e diz que só
considera em seu
planejamento as
usinas cuja consecução no prazo
previsto seja provável. Mesmo sob
esse critério conservador, argumenta, não vai faltar energia. O problema é que, nesse
setor, até os pressupostos climáticos e os empreendimentos mais "seguros" estão
sujeitos a níveis razoáveis de incerteza -atraso em licitações,
suspensão de obras, chuvas muito aquém da média etc.
Um modo prático de aumentar
a segurança no suprimento de
eletricidade seria relançar um
programa nacional de conservação de energia, com incentivos
financeiros à diminuição do consumo. Outra ação prudencial seria reformar o parque hidrelétrico para elevar, com baixo investimento e rápida maturação, a sua
capacidade geradora.
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