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Fiasco trabalhista
O PARTIDO Trabalhista britânico sofreu uma derrota
estrondosa nas eleições
da semana passada para os conselhos municipais. Os trabalhistas, com 24% dos votos, tiveram
seu pior desempenho dos últimos 40 anos. Ficaram atrás não
apenas do arqui-rival Partido
Conservador (44%) como também dos liberal-democratas
(25%), agremiação que tem desempenhado o papel de terceira
força política do Reino Unido.
Como se não bastasse, os trabalhistas também perderam a
Prefeitura de Londres, a qual
controlavam desde 2000, quando o titular do cargo passou a ser
definido em eleições diretas.
O resultado abala o premiê
Gordon Brown, no poder há apenas dez meses -em substituição
a Tony Blair, que governou por
mais de uma década. Não foram
poucas as vozes dentro e fora do
partido a responsabilizar Brown
pelo fiasco. Ele próprio admite
ter cometido erros.
Entre os fatores que mais influíram no pleito estão a crise das
hipotecas, que atingiu com força
o Reino Unido, levando até mesmo à estatização de um banco, e
uma desastrada reforma no Imposto de Renda, que despertou a
ira da população remediada, base do trabalhismo. Também contribuiu para a derrota o desgaste
natural de 11 anos de poder.
A próxima eleição legislativa
pode ocorrer a qualquer momento até junho de 2010, bastando que o premiê a convoque
ou o Parlamento se autodissolva.
Embora já haja quem fale em rebelião dos deputados trabalhistas, é improvável que o partido
force um pleito do qual, ao que
tudo indica, sairia destroçado.
O mais plausível é que Brown
tente ganhar tempo para convencer o eleitorado e a sigla de
que tem algo a oferecer. Por ora
vai vestindo o figurino de John
Major, o conservador a quem
coube encerrar, em clima de ressaca, os 18 anos da era Thatcher.
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