São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2008

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Fiasco trabalhista

O PARTIDO Trabalhista britânico sofreu uma derrota estrondosa nas eleições da semana passada para os conselhos municipais. Os trabalhistas, com 24% dos votos, tiveram seu pior desempenho dos últimos 40 anos. Ficaram atrás não apenas do arqui-rival Partido Conservador (44%) como também dos liberal-democratas (25%), agremiação que tem desempenhado o papel de terceira força política do Reino Unido.
Como se não bastasse, os trabalhistas também perderam a Prefeitura de Londres, a qual controlavam desde 2000, quando o titular do cargo passou a ser definido em eleições diretas.
O resultado abala o premiê Gordon Brown, no poder há apenas dez meses -em substituição a Tony Blair, que governou por mais de uma década. Não foram poucas as vozes dentro e fora do partido a responsabilizar Brown pelo fiasco. Ele próprio admite ter cometido erros.
Entre os fatores que mais influíram no pleito estão a crise das hipotecas, que atingiu com força o Reino Unido, levando até mesmo à estatização de um banco, e uma desastrada reforma no Imposto de Renda, que despertou a ira da população remediada, base do trabalhismo. Também contribuiu para a derrota o desgaste natural de 11 anos de poder.
A próxima eleição legislativa pode ocorrer a qualquer momento até junho de 2010, bastando que o premiê a convoque ou o Parlamento se autodissolva. Embora já haja quem fale em rebelião dos deputados trabalhistas, é improvável que o partido force um pleito do qual, ao que tudo indica, sairia destroçado.
O mais plausível é que Brown tente ganhar tempo para convencer o eleitorado e a sigla de que tem algo a oferecer. Por ora vai vestindo o figurino de John Major, o conservador a quem coube encerrar, em clima de ressaca, os 18 anos da era Thatcher.


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