São Paulo, quarta-feira, 06 de maio de 2009

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RUY CASTRO

Aviões vs. obesos

RIO DE JANEIRO - Algumas empresas aéreas internacionais, todas operando no Brasil, decidiram obrigar os passageiros obesos a ocupar uma poltrona extra em seus voos lotados e a pagar por ela. Portanto, se você tiver 120 kg ou mais, abra o olho: pode ter de morrer em dobro nos voos dessas companhias. Não quer dizer que as pessoas que pesam 50 kg ou menos possam pagar meia passagem desde que só ocupem meia poltrona.
A perseguição aos obesos é cruel. Sugere que o cidadão seja obeso porque quer, donde precisa ser punido. Esta é a civilização do cheeseburger, da pizza, da batata frita, dos refrigerantes, dos doces e dos achocolatados -mas os cânceres, as doenças cardíacas e a obesidade, provenientes do estímulo full-time ao paladar infantil da humanidade, têm culpados individuais.
Um dos argumentos das empresas aéreas é o de que o obeso incomoda o passageiro ao lado, o que faz com que as pessoas vivam reclamando. Pois reclamariam menos se as empresas não diminuíssem covardemente a largura de suas poltronas e a distância entre elas, para ter mais poltronas na aeronave. Em alguns aviões, mal se consegue abrir a bandejinha -a barriga, por menor que seja, impede que ela fique no plano. E, em outros, o cinto, muito curto até para ventres padrão standard, não fecha de jeito nenhum.
No Brasil, por enquanto, ainda é rara a presença de dois ou três obesos em um mesmo vôo -a média é de um ou menos. Custaria às empresas liberar o uso das duas poltronas pelo preço de uma? Pela taxa de ocupação desses voos hoje em dia, com a maioria dos aviões já voando comparativamente vazios, o prejuízo seria insignificante.
Um obeso a bordo não incomoda mais do que os paletós com ombreiras de certos passageiros ou gente que entra no avião trazendo mochilas ensebadas ou berimbaus.


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