São Paulo, quarta-feira, 06 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENDÊNCIAS/DEBATES

Hospital público de excelência

LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA


São Paulo necessitava, de fato, de um grande hospital público focado exclusivamente no tratamento do câncer

RECENTE PESQUISA do Ibope que avaliou a satisfação de pacientes atendidos em janeiro de 2009 em dez hospitais estaduais da região metropolitana de São Paulo revelou que a nota média dada aos serviços foi alta (7,9), o que indica o bom nível de qualidade percebida pelos usuários da maioria dos hospitais públicos paulistas.
A pesquisa não incluiu o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, que está iniciando suas atividades. Não tenho dúvidas, entretanto, de que o novo instituto, com apenas um ano de existência, estaria muito bem posicionado em qualquer ranking de hospitais públicos ou privados avaliados pelos usuários.
São Paulo necessitava, de fato, de um grande hospital público focado exclusivamente no tratamento do câncer para enfrentar o desafio do novo cenário da saúde pública do país, de maior longevidade da população, com o consequente aumento das doenças oncológicas.
Era fundamental também que, ao garantir assistência especializada com recursos tecnológicos de ponta e atendimento humanizado, fosse possível ao novo hospital desenvolver um trabalho consistente na área de pesquisa de novos fármacos e terapias para combate do câncer.
A implantação do Instituto do Câncer considerou todos esses aspectos durante o minucioso processo de planejamento desenvolvido em parceira pela Faculdade de Medicina da USP e Fundação Faculdade de Medicina.
Um novo modelo de gestão foi aplicado e se estabeleceu um cronograma de implantação e de metas assistenciais a serem atingidas pelo hospital para assegurar a integralidade e a humanização do atendimento.
Tudo foi absolutamente pensado em detalhes. Desde as instalações prediais, que transformaram o edifício de 29 pavimentos da avenida Doutor Arnaldo no primeiro hospital público totalmente automatizado e inteligente do Brasil, passando pelos modernos conceitos de humanização e hotelaria hospitalar e pela composição do corpo clínico, formado por um time de craques recrutados entre os melhores profissionais existentes no mercado -a maior parte deles professores da Faculdade de Medicina da USP.
Desde a inauguração, o instituto realizou mais de 33 mil consultas de ambulatório, cerca de 20 mil aplicações de quimioterapia, 1,2 mil internações, 180 cirurgias especializadas e 23,2 mil exames de imagem.
Quando plenamente ativado, será o maior hospital especializado em oncologia da América Latina, triplicando a oferta de tratamento do câncer pelo SUS na cidade de São Paulo.
O papel de referência nacional e internacional em produção de conhecimento científico tornou-se realidade. Atualmente estão em andamento 32 protocolos de pesquisas de novos medicamentos destinados ao tratamento oncológico, especialmente dos cânceres de pulmão, ovário, colo do útero e de mama. Os estudos incluem, ainda, o desenvolvimento de marcadores genéticos que possibilitem "individualizar" o tratamento, de forma a torná-lo mais eficaz.
Para este ano, uma das grandes novidades é a entrega do parque radioterápico do instituto, que será o maior e mais moderno do Brasil.
O governo de São Paulo está investindo R$ 50 milhões na construção de casamatas (verdadeiras fortalezas de concreto) e aquisição de seis modernos equipamentos de radioterapia, além de dois aparelhos que realizam tomografias computadorizadas com emissão de pósitrons (PET/CT), um exame sofisticado de diagnóstico para identificação e localização precoce de tumores.
Na nova unidade, que ocupará 1,1 mil metros quadrados no quarto subsolo do hospital, serão realizadas mensalmente mais de 8 mil sessões de radioterapia.
No aniversário do primeiro ano do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, a população paulista já pode se orgulhar de ter à disposição um centro de excelência em oncologia, oferecendo atendimento gratuito de qualidade aos usuários do SUS e permitindo a todos os paulistas e brasileiros acesso ao que há de mais moderno e eficaz no tratamento do câncer em todo mundo.


LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA , 55, médico sanitarista, é secretário de Estado da Saúde de São Paulo.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br


Texto Anterior: Frases

Próximo Texto: Fábio de Sá Cesnik, José Maurício Fittipaldi e Fernando Quintino: Cultura de legalidade

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.