São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Por uma reforma que amplie direitos
JOÃO FELICIO
3) Embora seja um avanço o aumento do teto de R$ 1.561 para R$ 2.400, a CUT vai defender o teto de 20 salários mínimos, porque queremos uma Previdência pública que contemple a maioria dos assalariados, dos setores público e privado; e um teto que estimule a vinda ao serviço público de determinadas categorias inerentes ao Estado. Os trabalhadores que recebem acima do teto teriam direito a um fundo de pensão público, fechado, sem fins lucrativos, com contribuição e benefícios definidos; 4) As alíquotas de contribuição à Previdência devem ser iguais para trabalhadores públicos e privados e o funcionalismo deve ter data-base, além da garantia de reajuste conforme a inflação também ao aposentado do serviço público. Precisamos encontrar uma solução para a ausência do FGTS entre os funcionários públicos que não possuem estabilidade -muitos são dispensados sem direitos; 5) Quanto à idade, a reforma promoverá mudança com a qual não concordamos. Se o servidor quiser se aposentar, mesmo tendo contribuído durante 35 (homens) ou 30 anos de trabalho (mulheres) e já tiver atingido a idade mínima exigida pela atual legislação (48 e 53 anos de idade, respectivamente), terá um desconto de até 35% (ou 10%) se for professor de 1º e 2º grau. Se não quiser ter o desconto, deverá trabalhar mais sete anos, se for funcionário público em geral, e mais dois anos, se professor de 1º e 2º grau. Uma servidora que trabalha desde os 15 anos, aos 18 ingressou no serviço público e tem hoje quase 48 anos, em condições de se aposentar, terá que trabalhar mais sete anos para receber o seu salário "integral". Ela terá contribuído com mais de 40 anos de serviço em um país cuja expectativa de vida é inferior à da França ou à da Áustria, e em condições salariais e de trabalho inferiores; 6) Nem todo funcionário público se aposenta com salário integral. Governadores e prefeitos, com raras exceções, inventaram abonos e gratificações para impedir que o servidor público se aposentasse com o salário integral e para evitar que o aposentado obtivesse essa vantagem. Aumenta-se a alíquota de contribuição, taxa-se o aposentado, descontam-se gratificações no ato da aposentadoria, propõe-se uma subtração de 35% nos salários e, após a aposentadoria, ficam sem reajuste pela inflação. Parece-nos um brutal confisco. A CUT, da mesma maneira como lutou contra a flexibilização de direitos da CLT, vai lutar por emendas para proteger os trabalhadores do setor público e privado, estes últimos vítimas de descontos expressivos em seus proventos devido à instituição do "fator previdenciário" pelo governo anterior. João Antonio Felicio, 52, professor, é presidente nacional da CUT. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Demétrio Magnoli: A grande mentira e os intelectuais engajados Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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