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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Tabagismo: um alerta aos jovensD uas boas notícias na área do tabagismo. A primeira é que está caindo o número de fumantes no Brasil. A segunda é que os fumantes remanescentes poderão ser tratados pelo Sistema Único de Saúde -o SUS.
A Folha de 1º de junho de 2004 deu
um grande e adequado destaque aos
resultados de uma pesquisa que, apesar de ter algumas limitações metodológicas para comparações precisas,
mostrou que, nos últimos 15 anos, a
proporção de brasileiros que fumam
caiu para menos da metade em várias
capitais do país. É um dos fatos mais
auspiciosos.
Em 1989, quase um terço dos brasileiros fumavam. Hoje essa proporção
caiu para 17% em média nas capitais
pesquisadas. Em Natal ela é de 15%, e
em Aracaju, de menos de 13%. Os dados mostram que, com empenho e
deliberação, 50% dos fumantes pararam de fumar.
O mesmo estudo, porém, mostrou
um crescimento do consumo de cigarros entre crianças e adolescentes.
Em várias capitais, cerca de 70% dos
jovens começam a fumar entre 10 e 12
anos de idade.
Para eles, o acesso aos cigarros tornou-se mais fácil, pois podem ser
comprados -avulsos- de colegas
de escola, de camelôs e até mesmo em
bares e em lojas.
Esse é o lado ruim da história, porque está mais do que provado que o
cigarro é um dos maiores causadores
de doenças evitáveis. No Brasil, morrem 200 mil pessoas por ano devido
às doenças do fumo. É uma perda irreparável, que se soma à perda de recursos que são destinados para tratar
dos doentes do fumo, desviando recursos para o tratamento de outras
doenças que não podem ser tão facilmente evitadas.
Mas é animador verificar que, depois de ter apresentado um recorde
mundial (reconhecido pela Organização Mundial da Saúde, a OMS) nas
campanhas de combate ao fumo,
aliás, intensificadas pelo ex-ministro
da Saúde José Serra e mantidas pelo
ministro Humberto Costa, o governo
decidiu dar mais um passo importante -o de tratar os fumantes com procedimentos de eficácia comprovada
para que abandonem esse vício fatal.
Nesse campo, o Brasil é exemplo
mundial. No mundo, morrem cerca
de 10 milhões de pessoas por ano devido ao tabagismo. Segundo estimativas da OMS, os países gastam cerca de
US$ 30 bilhões todos os anos para tratar das doenças do fumo.
Muitos usam o surrado argumento
de que a indústria de cigarros gera
muitos empregos e recolhe impostos
gigantescos aos cofres públicos, mas é
preciso meditar sobre tais argumentos. Em primeiro lugar, é bom lembrar que grande parte dos que plantam e colhem o fumo é composta por
pessoas que trabalham em condições
precárias e com um curto horizonte
de vida para si e para seus filhos. Em
segundo lugar, convém salientar que,
por maiores que sejam os benefícios
trazidos pela indústria do cigarro, nada paga a perda e o sofrimento de milhões de seres humanos e o encaminhamento precoce de crianças para
esse triste vício.
Essa é uma área em que a equação
custo-benefício tem de ir bem além
dos números frios e deve incluir elementos de humanismo e de fraternidade. Afinal, o que está em jogo é a vida e a saúde das pessoas.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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