São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Universidade
"Enquanto as atenções se voltam para a busca de um acesso mais democrático à universidade, realiza-se uma greve com diversas reivindicações em três das principais instituições de ensino superior do país (USP, Unesp e Unicamp). Parece que o fato vem sendo ignorado pela opinião pública, que se dedica a discutir programas de cotas ("Projeto de cota não garante acesso democrático", Cotidiano, 29/5) e outras medidas superficiais de cunho demagógico que não resolvem o problema da exclusão social nas universidades. É preciso, primeiramente, dar condições para que as universidades funcionem adequadamente. Depois poderão ser discutidas as formas de ingresso nessas instituições."
José Roberto Simioni Júnior, aluno de zootecnia da USP (Itupeva, SP)

Anti-semitismo
"Acho um grande equívoco David Diesendruck igualar as críticas ao Estado de Israel a anti-semitismo ("Judeus criam site para acompanhar cobertura de Israel na mídia do Brasil", Mundo, 3/6). Sou um profundo admirador da imensa contribuição dada ao Brasil pela nossa pequena comunidade israelita em todas as esferas da vida pública. Senti orgulho de ser brasileiro quando li, nesta mesma Folha, uma declaração do rabino Sobel (a quem todos os democratas devem gratidão por sua bela e corajosa atitude diante do assassinato de Herzog em 1975) em que dizia que o Brasil é o país que melhor acolhe os judeus em todo o mundo.
Não vejo nenhuma contradição, entretanto, entre essas minhas afirmações e o fato de eu considerar absolutamente inaceitável o tratamento dado pelo Estado de Israel aos 3,5 milhões de palestinos que estão sob ocupação militar na Cisjordânia e em Gaza sem direito a cidadania. Os fundamentalistas judeus que acreditam que a Bíblia lhes dá o direito à posse de toda a Palestina são uma ameaça à paz mundial tão grave quanto o fanatismo religioso islâmico.
Eu julgo o Estado de Israel criminoso por matar civis palestinos indefesos para garantir a segurança de uma minoria de colonos fanáticos. E não aceito ser acusado de anti-semita por pensar assim." Severino Toscano do Rego Melo(São Paulo, SP)

STF e Executivo
"Simplesmente espantoso o discurso do novo presidente do Supremo Tribunal Federal, em que pregou a colaboração do Poder Judiciário com o Poder Executivo e a omissão do primeiro em relação às políticas públicas do segundo. Ora, não é função do Judiciário "colaborar" com o Executivo, mas sim julgar os conflitos de interesse, sempre na defesa da ordem jurídica e da Constituição. Assim, se não é função do Judiciário formular políticas públicas, cabe-lhe fiscalizar a constitucionalidade das políticas públicas (ou a omissão dessas) do Executivo, obrigando-o, se for o caso, a corrigi-las ou a aplicá-las adequadamente -nos termos dos mandamentos constitucionais. É inadmissível que o presidente do mais alto tribunal do país, a quem cabe defender a Constituição, pregue o amesquinhamento do Poder Judiciário e sua submissão ao Executivo. Felizmente, a OAB, por meio de seu presidente, fez ouvir a voz do direito e da democracia, mostrando que nem tudo está perdido neste país."
Jorge Alberto de Oliveira Marum, mestre em direito do Estado pela USP e promotor de Justiça em Sorocaba - SP (Piedade, SP)

Homeopatia
"Sou médico ginecologista e obstetra e, apesar de não atuar como homeopata, quero dizer que fiquei impressionado com a falta de conhecimento geral do senhor Eduardo Miranda, que teve carta publicada nesta coluna no dia 4/6. Assim, gostaria de questionar alguns pontos de sua carta.
O dinheiro público não é escasso. Ele não chega às mãos de quem deveria chegar porque não sabemos exercer nossa cidadania -já os políticos e os lobistas sabem. Não foi por acaso que o Conselho Federal de Medicina reconheceu a homeopatia como especialidade médica. As evidências científicas em estudos realizados durante longos anos demonstraram que a homeopatia utiliza metodologia científica e tem critérios para cura semelhantes aos da medicina baseada em evidências, que praticamos com o nome de alopatia. Já existem estudos "duplo-cego" que demonstram a eficácia da homeopatia em humanos e em animais. Quanto a controvérsias, elas também existem na física -se aceitarmos Einstein, o mundo, do modo como o concebemos hoje, não existe. Em casos de infecções graves, a alopatia utiliza antibióticos. Mas o que fazer quando nos vemos diante de infecções por germes multirresistentes que desenvolvem resistência até mesmo à vancomicina -teoricamente a última droga no arsenal dos infectologistas? A alopatia, ao perder dessa forma um paciente, teria então se tornado um embuste? O que a homeopatia procura é individualizar o paciente e estabelecer uma relação médico-paciente saudável e honesta, e não preocupar-se com ações judiciais que porventura possam acontecer."
Euclydes Pires de Camargo, ginecologista e obstetra (São Paulo, SP)

Antigos ideais
"Acho perfeitamente razoável que a Folha confronte os antigos ideais do Partido dos Trabalhadores com algumas de suas atuais condutas na condição de governo. Porém penso que, da mesma maneira, seria salutar lembrar com mais freqüência as velhas causas defendidas pela atual oposição, sobretudo aquelas da época em que ela formava a bancada de sustentação do governo FHC. A esse respeito, o episódio da aprovação do salário mínimo na Câmara dos Deputados foi emblemático. Quantos daqueles que defenderam o valor de R$ 275 foram ferrenhos defensores de reajustes miseráveis em tempos passados? Agora esses mesmos políticos tentam passar por heróis da causa trabalhista."
Rogê da Costa Neto (Curitiba, PR)

Bondade
"Não fosse a infinita bondade do papa João Paulo 2º, seria muito difícil aceitar que Sua Santidade recebesse George W. Bush, esse senhor da guerra, responsável por tanto sofrimento no mundo."
Henrique Ventura dos Reis (Rio de Janeiro, RJ)

Contribuição
"Acabei de contribuir para que o governo Lula seja mais marcado ainda pelo desemprego: fiz a homologação da dispensa dos dois empregados que minha empresa contratava. Fiz e, com o que temos hoje por conta desse desgoverno, faria novamente. Afinal, não consegui vencer a carga tributária nem a falta de clientes com condições financeiras para adquirir peças de decoração e móveis a preços pequenos (de R$ 20 a R$ 300). Num país em que se privilegiam as exportações, aqueles que trabalham visando o mercado interno quebram. Aliás, a exportação poderia ser uma alternativa para minha empresa, não fosse o fato de que, desde o início desse governo, venho pagando um sem-número de taxas e impostos e altos juros bancários. Agora, quando encerro as atividades da empresa, meu grande sócio, o governo, ainda irá cobrar mais taxas e tributos para que eu possa encerrar minha pretensão de crescimento econômico. Os desempregados de minha empresa mandam profundas lembranças ao presidente, salientando que não são só os empresários que choram."
José de Freitas Guimarães (Paulínia, SP)

Advogado
"Em relação ao texto "Empresário é preso ao tentar corromper deputado em SP" (Brasil, 2/6), temos a esclarecer que é indevido classificar Pedro Lindolfo Sarlo como advogado, uma vez que ele não está inscrito nos quadros da OAB." Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da OAB-SP (São Paulo, SP)


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