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FUGA PARA DENTRO
Teve forte impacto a decisão
do Banco Central de antecipar a
mudança na contabilização do valor
dos títulos públicos detidos por fundos de investimento. Adotada no final de maio, em contexto turbulento,
a medida implicou explicitar perdas
relevantes para os cotistas. Estes reagiram ordenando forte retirada de recursos. Assim, em junho os fundos
tiveram captação líquida negativa recorde, da ordem de R$ 20 bilhões.
Mas os indícios são de que o nervosismo dos investidores em fundos
-que em sua maioria são pessoas físicas e empresas não financeiras-
não os levou a retirar os recursos do
mercado financeiro. Esse é um sinal
positivo. Mais do que dólar ou ativos
reais (ouro, imóveis), esses investidores procuraram alternativas de
aplicação oferecidas pelo sistema financeiro. A caderneta de poupança,
por exemplo, teve captação líquida
recorde em junho. Também foram
aplicados vários bilhões em CDBs.
A caderneta de poupança, mesmo
oferecendo isenção de imposto de
renda sobre os rendimentos, é uma
alternativa de aplicação na maioria
das ocasiões menos rentável do que
os fundos, embora mais segura. Mas
os saldos na poupança têm garantia
apenas até o valor de R$ 20 mil, um
valor relativamente baixo muitos investidores. Já no caso do CDB, não
há garantia alguma: se o banco que o
vendeu quebrar, o investidor terá de
tentar reaver seus recursos ao longo
do processo legal da falência.
Embora, salvo raras exceções, não
sejam profissionais, pode-se supor
com segurança que os investidores
que preferiram sair dos fundos conhecem essas informações básicas.
Isso reforça a impressão de que, a
despeito do nervosismo, a solidez do
sistema financeiro não está sendo
questionada. Esse é um aspecto importante, que enfraquece os paralelos, tantas vezes indevidamente traçados, entre a situação do Brasil e a
da Argentina. Cabe às autoridades
zelar pela preservação desse "seguro" contra um agravamento maior
da instabilidade.
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