São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Droga
"O artigo de Wálter Fanganiello Maierovitch ("Efeito da Droga", "Tendências/ Debates", pág. A3, 1º/7) deveria ser lido em plenário na Câmara dos Deputados e no Senado para trazer uma luz ao emaranhado de opiniões e idéias -muitas vezes preconcebidas- de como legislar em matéria tão delicada e devastadora como a das drogas. Quem tem na família um usuário de drogas não tem alternativas, a não ser buscar, dentro da lei, aquilo que seria o mais correto no trato de tão grave problema. Quem não conhece ou não convive com alguma família nessa situação nas grandes e pequenas cidades brasileiras? Por que, como sugere o emérito juiz aposentado do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, não seguimos o exemplo de Portugal ou de outros países europeus -onde a abordagem dessa matéria é mais humana- e partimos para a chamada "redução de danos'? Enquanto usarmos fórmulas perversas e, quiçá, maquiadas, a política sobre drogas ilícitas continuará sendo a de criminalização. E essa política jamais impedirá a oferta e o uso das drogas.
Maria de Fátima Almeida Pellicioli (São Paulo, SP)

Música, carros e buzinas
"Apóio incondicionalmente a admirável atitude dos moradores da Vila Madalena, em São Paulo, que se posicionaram duramente contra o avanço de bares e restaurantes na região. Infelizmente, inúmeras ruas daquele bairro já se encontram degradadas pela combinação destrutiva de carros, buzinas e música alta durante as noites e madrugadas. Na Vila Olímpia, outro recanto de tranquilidade tempos atrás, a situação é parecida. Pena que o ato dos moradores, uma preciosa demonstração de cidadania, seja voz tão pouco soante nessa metrópole que, há anos, cresce sem saber para onde."
Silvio Diogo Lourenço dos Santos (São Paulo, SP)

Patrimônio
"Em relação à correspondência do leitor Aluisio Bichir, de Bertioga (SP), publicada nesta seção em 26/6, em que cobrava providências da Secretaria de Estado da Cultura quanto à deterioração de bens do patrimônio histórico de Bertioga, tenho a dizer que a responsabilidade sobre a conservação de bens e de monumentos históricos, tombados ou não pelo Condephaat -Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo-, é da prefeitura local, no caso de pequenas cidades, ou do proprietário do imóvel, quando particular."
Luiz Salgado Ribeiro, secretário de Comunicação do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Reajuste
"Li recentemente nessa Folha, com surpresa e revolta, que os funcionários federais do Poder Judiciário tiveram um aumento médio de 25,05% -retroativo a janeiro 98- a ser pago em 24 parcelas mensais. Muito justo! E os servidores do Executivo? Há sete anos sem aumento, vimos nossos salários totalmente aviltados. Eu, por exemplo, aposentado em abril de 95, tive meus proventos reduzidos de R$ 2.828,48 (28,28 salários mínimos naquela época) para R$ 2.542,12 (12,71 salários mínimos) em abril de 2002. Seria cômico se não fosse trágico."
Marco Túlio Valadares Fonseca (Belo Horizonte, MG)

Empurrãozinho
"A Prefeitura de Itanhaém há muitos anos vem concedendo redução de 40% no IPTU aos aposentados proprietários de um único imóvel no município no qual residam. No segundo bimestre de cada ano, são expedidos convites, e os idosos vão à prefeitura para regularizar a sua situação. Neste ano, apareceu um ilustre, desconhecido e estranho vereador, de nome Luiz Barbosa da Silva (PMDB), que apresentou um projeto de lei no qual se acrescentam várias exigências para a obtenção do benefício fiscal -entre elas a apresentação do título de eleitor de Itanhaém. O resultado é que, devido à iniciativa desse "sábio da Grécia", ficaram excluídos os maiores de 70 anos que devolveram o título, os analfabetos, os estrangeiros e outros, tendo a lei acarretado grita geral na prefeitura. Pensando bem, o edil está certo, porque, se o político pode atrapalhar, por que ajudar? E depois, velho bom, para o poder público (federal, estadual e municipal), é velho morto. E, com esse empurrãozinho do "nobre legislador", os velhos vão morrer mais rápido, porque a raiva abrevia os dias de vida de quem já vive em estado senil."
Alcides Manoel Rocha (São Paulo, SP)

Pedagogia
"Ao ler o artigo "Pedagogia cidadã" ("Tendências/Debates", pág. A3, 1º/7), de autoria do reitor da Unesp, José Carlos Souza Trindade, surpreendi-me com alguns equívocos cometidos pelo autor. O primeiro aparece no primeiro parágrafo, no qual o médico afirma que a LDB define que, a partir de 2007, todos os professores das séries iniciais do ensino fundamental e da educação infantil deverão ter certificado de conclusão de curso superior. Na verdade, o que a lei determina é que, a partir de 2007, só poderão ingressar na rede pública de ensino professores com formação universitária, ou seja, os professores que já estiverem trabalhando não perderão os seus empregos nem sofrerão sanções. Mas o que mais provoca indignação é o próprio projeto Pedagogia Cidadã, que, entre outras coisas, é pago. O valor de R$ 160 aluno/mês será pago à Unesp pelas prefeituras que aderirem ao projeto. Será que a universidade pública foi "privatizada'? Nesse momento, deveríamos nos preocupar com alguns problemas que vêm assolando a Unesp, como a falta de professores, a falta de vagas nas moradias estudantis e o baixo número de bolsas para alunos carentes."
Adriano Moreira, estudante de pedagogia, coordenador-geral do Centro Acadêmico da Pedagogia da Unesp em Rio Claro (Rio Claro, SP)

Tecnocracia
"Realmente fantástico o artigo da professora Leyla Perrone-Moisés publicado em 30/6 no caderno Mais! ("Para que servem as humanidades?'). Estudei biblioteconomia na Escola de Comunicação e Artes da USP, curso que também dá ênfase às ciências humanas e à comunicação. Senti de perto o terrorismo ao qual os professores e alunos são submetidos por conta dessa mentalidade "tecnocrata" que predomina hoje no ensino. Vi professores chorarem com a ameaça de verem suas disciplinas extintas (estudos de uma vida inteira). Não é apenas mera impressão. Esse terrorismo é uma realidade no dia-a-dia dessas faculdades e chega mesmo a interferir na rotina das aulas e a prejudicar o andamento das pesquisas. É lamentável! Meus parabéns à professora Leyla e também ao jornal, que abordou uma situação tão problemática e cumpriu de forma efetiva o seu papel de imprensa."
Patricia Martins Costanti (São Paulo, SP)

Piada
"Só pode ser piada que o nosso ministro das Comunicações tenha se contentado com "informações da Embratel segundo as quais a empresa se encontra saneada financeiramente" ("Governo descarta retomar Embratel", Dinheiro, pág. B2, 5/7). Nos EUA e em outros países, as empresas que compraram a Embratel e a Electron estão sendo processadas principalmente por falsificações na contabilidade. Será que os investidores gostariam de investir num país onde o governo simplesmente acredita na palavra dessas empresas?"
Rute Bevilaqua (São Paulo, SP)



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