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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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ESTRESSE NO MERCADO

O mercado financeiro internacional e o doméstico ameaçaram romper a "lua-de-mel" com o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Na frente interna, os motivos alegados seriam turbulências políticas causadas por embates em torno das reformas, a radicalização dos sem-terra e sem-teto e sinalizações sobre mudanças nas regras para telefonia e energia elétrica. Além disso, haveria a percepção de que a meta de superávit fiscal poderia tornar-se mais difícil de ser atingida, uma vez que a retração econômica e a queda na inflação tendem a diminuir a arrecadação tributária.
Na área externa, houve a entrada do Tesouro dos EUA no mercado de capitais anunciando a captação de US$ 230 bilhões no segundo semestre. As taxas de juros de longo prazo subiram de 3,16% em 13 de junho para 4,6% ao ano no início de agosto, fator que pode restringir os fluxos de capitais para papéis de países emergentes como o Brasil.
O mercado cambial e o risco-país refletiram essa alteração no humor dos investidores com movimentos que podem ser apenas transitórios, representando ajustes técnicos ou realização de lucros.
A pequena desvalorização do real ocorrida nos últimos dias não deve, contudo, ser vista necessariamente como uma má notícia. O problema da vulnerabilidade externa persiste, tendo sido apenas atenuado pelo ajuste nas transações correntes, que apresentaram um superávit de US$ 535 milhões no primeiro semestre de 2003. Dentro de limites razoáveis, um novo patamar para o câmbio -que parece estar sendo buscado pelo mercado- poderia ter o efeito de estimular as exportações sem o risco de pressões inflacionárias, pelo menos no curto prazo, uma vez que a desaceleração econômica deixa pouca margem para reajustes de preços.
Os elevados saldos comerciais precisam ser preservados para evitar que a economia sofra com bruscas oscilações dos mercados financeiros. Quanto a isso, não deixa de ser um alerta o fato de que em julho as exportações caíram 9,6% em relação ao mês anterior e 1,9% na comparação com julho de 2002.


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