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ESTRESSE NO MERCADO
O mercado financeiro internacional e o doméstico ameaçaram romper a "lua-de-mel" com o
governo Luiz Inácio Lula da Silva. Na
frente interna, os motivos alegados
seriam turbulências políticas causadas por embates em torno das reformas, a radicalização dos sem-terra e
sem-teto e sinalizações sobre mudanças nas regras para telefonia e
energia elétrica. Além disso, haveria
a percepção de que a meta de superávit fiscal poderia tornar-se mais difícil de ser atingida, uma vez que a retração econômica e a queda na inflação tendem a diminuir a arrecadação
tributária.
Na área externa, houve a entrada do
Tesouro dos EUA no mercado de capitais anunciando a captação de US$
230 bilhões no segundo semestre. As
taxas de juros de longo prazo subiram de 3,16% em 13 de junho para
4,6% ao ano no início de agosto, fator que pode restringir os fluxos de
capitais para papéis de países emergentes como o Brasil.
O mercado cambial e o risco-país
refletiram essa alteração no humor
dos investidores com movimentos
que podem ser apenas transitórios,
representando ajustes técnicos ou
realização de lucros.
A pequena desvalorização do real
ocorrida nos últimos dias não deve,
contudo, ser vista necessariamente
como uma má notícia. O problema
da vulnerabilidade externa persiste,
tendo sido apenas atenuado pelo
ajuste nas transações correntes, que
apresentaram um superávit de US$
535 milhões no primeiro semestre de
2003. Dentro de limites razoáveis,
um novo patamar para o câmbio
-que parece estar sendo buscado
pelo mercado- poderia ter o efeito
de estimular as exportações sem o
risco de pressões inflacionárias, pelo
menos no curto prazo, uma vez que a
desaceleração econômica deixa pouca margem para reajustes de preços.
Os elevados saldos comerciais precisam ser preservados para evitar que
a economia sofra com bruscas oscilações dos mercados financeiros.
Quanto a isso, não deixa de ser um
alerta o fato de que em julho as exportações caíram 9,6% em relação ao
mês anterior e 1,9% na comparação
com julho de 2002.
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