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PAZ NA LIBÉRIA
É possível que a intervenção
militar autorizada pela ONU
ponha um fim aos 14 anos de guerra
civil na Libéria. A chegada dos primeiros soldados nigerianos foi celebrada nas ruas de Monróvia e a ajuda
internacional já começa a chegar por
via aérea. A situação é difícil em termos humanitários. Acredita-se que
haja entre 250 mil e 450 mil pessoas
vivendo precariamente na capital.
Estão sem comida, sem água e sob a
ameaça de epidemias. Boa parte é de
refugiados apanhados pelo avanço
das tropas rebeldes, que, nas duas últimas semanas, intensificaram suas
ações. Os dois principais grupos de
oposição ao presidente Charles Taylor já controlam três quartos do país.
Taylor prometeu renunciar ao cargo no próximo dia 11. Se ele de fato
abandonar o posto, melhoram as
chances de uma solução pacífica. O
presidente não deixará saudades.
Trata-se de um líder sanguinário que
prejudicou não apenas o próprio país
mas também áreas adjacentes. O tribunal das Nações Unidas que julga
crimes de guerra cometidos na vizinha Serra Leoa já o indiciou. Entre
outras atrocidades, ele e seus homens são acusados de decepar mãos
e braços até mesmo de crianças de
grupos rivais.
A operação de paz ocorre sob as
vistas dos EUA. Washington mantém duas belonaves no litoral liberiano. A Casa Branca, contudo, reluta
em envolver marines diretamente na
ação, apesar das ligações históricas
entre a Libéria e os EUA -o país africano foi fundado no século 19 por escravos libertos norte-americanos.
Daí o nome Libéria. O nome da capital, Monróvia, é uma homenagem ao
quinto presidente dos EUA, James
Monroe (1817-1825).
É curioso que Bush hesite tanto para participar de uma missão humanitária e chancelada pela ONU. A posição contrasta com a adotada em relação ao Iraque, quando a Casa Branca
agiu sem a autorização da ONU e numa missão que, como se sabe, não
era exatamente de paz.
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