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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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PAZ NA LIBÉRIA

É possível que a intervenção militar autorizada pela ONU ponha um fim aos 14 anos de guerra civil na Libéria. A chegada dos primeiros soldados nigerianos foi celebrada nas ruas de Monróvia e a ajuda internacional já começa a chegar por via aérea. A situação é difícil em termos humanitários. Acredita-se que haja entre 250 mil e 450 mil pessoas vivendo precariamente na capital. Estão sem comida, sem água e sob a ameaça de epidemias. Boa parte é de refugiados apanhados pelo avanço das tropas rebeldes, que, nas duas últimas semanas, intensificaram suas ações. Os dois principais grupos de oposição ao presidente Charles Taylor já controlam três quartos do país.
Taylor prometeu renunciar ao cargo no próximo dia 11. Se ele de fato abandonar o posto, melhoram as chances de uma solução pacífica. O presidente não deixará saudades. Trata-se de um líder sanguinário que prejudicou não apenas o próprio país mas também áreas adjacentes. O tribunal das Nações Unidas que julga crimes de guerra cometidos na vizinha Serra Leoa já o indiciou. Entre outras atrocidades, ele e seus homens são acusados de decepar mãos e braços até mesmo de crianças de grupos rivais.
A operação de paz ocorre sob as vistas dos EUA. Washington mantém duas belonaves no litoral liberiano. A Casa Branca, contudo, reluta em envolver marines diretamente na ação, apesar das ligações históricas entre a Libéria e os EUA -o país africano foi fundado no século 19 por escravos libertos norte-americanos. Daí o nome Libéria. O nome da capital, Monróvia, é uma homenagem ao quinto presidente dos EUA, James Monroe (1817-1825).
É curioso que Bush hesite tanto para participar de uma missão humanitária e chancelada pela ONU. A posição contrasta com a adotada em relação ao Iraque, quando a Casa Branca agiu sem a autorização da ONU e numa missão que, como se sabe, não era exatamente de paz.


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