São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003 |
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ANTONIO DELFIM NETTO Funciona, mas é cara
Os recentes eventos vividos pela
economia brasileira mostram
três coisas: 1º) que a política monetária funciona quando complementada
por uma dura política fiscal, mas tem
um alto custo. O aumento da taxa de
juro real altera a disposição de consumir e de investir, reduz o nível de emprego e, em consequência, acaba gerando uma redução da taxa de aumento dos preços, isto é, da taxa de inflação; 2º) que a desorganização produzida nesse processo contracionista
cria dúvidas sobre a velocidade de recuperação futura da economia, o que
(combinado com a alta do juro real)
tende a levar os empresários a postergarem seus investimentos, reduzindo,
também, a taxa de crescimento potencial da economia e 3º) que a política
monetária funciona assim para reduzir a demanda e também a capacidade
potencial de produção da economia.
Resta provar que ela sozinha induzirá
o movimento inverso quando a taxa
de juros for diminuída. O custo da política monetária na redução da taxa de
inflação é proporcional à distância entre a taxa corrente e a "meta inflacionária" ambicionada. Depende, fundamentalmente, do horizonte de tempo
fixado para atingi-la e da política fiscal
que a acompanha. O efeito aritmético certamente desapareceria no segundo semestre. Ele poderia, entretanto, ser amplamente atropelado por uma "mudança de expectativa" estimulada pelo que se imaginava que poderia ser o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse caso, seria muito difícil trazer uma inflação de 25% a 30% para níveis civilizados. A elevação da taxa de juros, por sua vez, abriu um espaço de arbitragem que atraiu capitais da "morte súbita". Isso derrubou a cotação do dólar e funcionou como importante canal na redução da inflação. Em compensação, desarticulou o contágio exportador que estava tomando conta do Brasil e que era essencial para o crescimento do produto e para a redução de nossa vulnerabilidade externa... Positivamente, não existe almoço grátis! Antonio Delfim Netto escreve às quartas-feiras nesta coluna. dep.delfimnetto@camara.gov.br Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A foto dos fatos Próximo Texto: Frases Índice |
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