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Orçamento remendado
O
FIM da possibilidade de
parlamentares fazerem
emendas individuais ao
Orçamento da União pode ter algum efeito para inibir esquemas
criminosos como o dos "sanguessugas". Tais emendas tornam muito mais pulverizada a
confecção e a execução da peça
orçamentária, facilitando a corrupção no varejo e mesmo a confecção de redes mais complexas
para assaltar o erário, como a que
desviava recursos da Saúde.
Que ninguém espere, no entanto, que vedar emendas individuais vá significar um grande
golpe contra a corrupção na política. A principal vantagem da
mudança, nesse terreno, seria facilitar o monitoramento das despesas públicas e, portanto, a fiscalização do processo.
Já no âmbito dos procedimentos político-parlamentares e da
eficácia do gasto público, uma
medida como essa seria mais palpável. Emendas coletivas, que
seriam as únicas permitidas, tendem a satisfazer melhor as verdadeiras prioridades de um Estado ou de uma região do país.
Além disso, melhoraria as bases
da negociação entre o Executivo
e o Legislativo -hoje o governo
"convence" cada parlamentar a
votar determinada matéria acenando com a liberação dos recursos de sua emenda individual.
Vale a pena, portanto, tentar
modificar a sistemática de
emendas ao Orçamento para vedar ações individuais, aproveitando o apelo sobre o tema despertado pela crise dos sanguessugas. O pleito de racionalizar
esse pedaço da política pública é
antigo, mas não vingou nem
mesmo após o grande escândalo
anterior do gênero -o dos
"anões do Orçamento", em 1993.
É preciso reiterar, porém, que
a melhor plataforma para impedir novos desmandos como o dos
sanguessugas passa por outras
ações. Todas redundam na punição exemplar dos envolvidos e o
seu afastamento da vida pública.
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