São Paulo, terça-feira, 06 de setembro de 2011

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

O lúmpen e sua hora

SÃO PAULO - Dos oito cenários pesquisados pelo Datafolha, Celso Russomano, do PP de Paulo Maluf, lidera em três. Chega a atingir 21 pontos na disputa à prefeitura paulistana. Num quarto cenário, divide com José Serra a liderança -ambos com 19%. E fica em segundo lugar quando a briga é contra Marta Suplicy. Apenas quando Marta e Serra estão na grade de opções, Russomano cai para terceiro.
Isso não significa que o Menino Malufinho tenha virado favorito para ocupar a cadeira de Kassab. Falta mais de um ano para a eleição. Mas alguma coisa há de significar, sobretudo se pensarmos que Serra e Marta não devem ser candidatos. O primeiro porque não quer e tem medo de perder, a segunda porque Lula não quer que ela seja.
Estamos habituados a ver as eleições como uma disputa entre PT e PSDB. Tem sido assim para presidente desde 1994. Foi assim em São Paulo em 2004 e em 2008 (quando Kassab era o verdadeiro candidato de Serra). Pode até ser que essa polarização se repita. Mas a notícia do Datafolha hoje está nas candidaturas da periferia do establishment, à esquerda ou à direita, tanto faz.
Netinho de Paula (PC do B) chega a ter 15%, a depender do cenário. Juntos, ele e Russomano totalizam 36%. Somados ainda a Paulinho (PDT) e a Soninha (PV), com até 11% cada um, os quatro concentram 58% das intenções de voto.
Uma parte disso é recall da última campanha. Mas há algo além. Russomano e Netinho são crias do lúmpen-jornalismo e do entretenimento popular -midiáticos e outsiders ao mesmo tempo.
O primeiro mobiliza a alma malufista de uma parte -conservadora e autoritária- do eleitorado. O segundo é um retrato sorridente do enfado do eleitor com a política.
O bom-senso indica que tendem a morrer na praia, alugando ou não suas candidaturas. Mas hoje eles nos dizem algo. Podemos tomá-los como sintomas de tempos ruins e protagonistas acidentais de uma disputa completamente aberta.


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