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UMA PAUSA NOS JUROS
Há três semanas, ao anunciar que havia decidido aumentar em 0,25 ponto percentual a
taxa básica de juros, o Banco Central
praticamente anunciou que pretendia determinar novos aumentos a
partir de outubro. Seu comunicado
oficial informou que se tratava do
"início de um processo de ajuste moderado da taxa", e explicitava que três
dos oito membros do Comitê de Política Monetária haviam votado por
uma elevação de meio ponto.
Desde então, no entanto, os resultados da inflação têm se revelado sistematicamente mais favoráveis do
que esperavam os bancos e consultorias que se dedicam a antecipar os rumos dos índices de preços.
A primeira surpresa positiva foi trazida pelo IPCA-15 de setembro, cuja
elevação limitou-se a 0,49%, ante
0,79% em agosto. O IPCA-15 é um
índice de preços quase idêntico ao
IPCA, que baliza as metas de inflação, diferindo apenas por se basear
em informações coletadas 15 dias
antes. Outros números favoráveis
vieram com o IGP-M de setembro.
Esse índice teve alta de 0,69%, bem
abaixo da expectativa do mercado
(que era de 0,92%). Para completar,
ontem divulgou-se que o IPC-Fipe,
índice que mede a inflação ao consumidor em São Paulo, teve elevação de
apenas 0,21% em setembro, taxa 0,2
ponto percentual inferior à esperada.
Também favorável é o fato de que o
comportamento das expectativas de
inflação já mudou. Desde o anúncio
da elevação dos juros básicos, em 15
de setembro, a projeção média para a
inflação de 2004 diminuiu ligeiramente, e as previsões para 2005 tiveram aumento quase desprezível.
Essa última constatação é indicativa de que a mudança da política monetária já teve efeitos. Ademais, a cotação do dólar tem se mantido e a alta
do petróleo, embora incômoda, é o
típico choque de custos que cabe
acomodar para não sacrificar desnecessariamente o crescimento.
Todos esses elementos sugerem
que o BC poderia dar uma pausa no
seu prometido aperto monetário e
aguardar os resultados. O BC sempre teme errar por falta de rigor antiinflacionário -mas corre o risco
de novamente errar por excesso.
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