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O "APOIO" DE POWELL
Em visita a São Paulo, o secretário de Estado dos EUA, Colin
Powell, disse o óbvio: no contexto de
uma reforma do Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas, o Brasil é "sólido candidato" a tornar-se
membro permanente. Isso está em
qualquer texto jornalístico que trate
da reformulação do CS. Os "sólidos
candidatos" sempre lembrados são
Alemanha, Japão, Brasil, Índia e África do Sul. A rigor, o chefe da diplomacia norte-americana nem chegou
a afirmar que Washington apóia a
reivindicação brasileira.
Certamente que o local e a hora escolhidos para dizer o óbvio fazem a
diferença e podem transformar o banal em algo relevante. Aí reside a arte
da diplomacia. O que o secretário Powell deixou de dizer é que uma eventual ampliação das vagas permanentes no CS dificilmente daria aos novos membros o tão prestigiado poder de veto. Com efeito, aumentar o
número de países com representação permanente no Conselho e outorgar-lhes o direito de vetar resoluções significaria condenar a organização ao imobilismo. Como também é improvável que os atuais
membros permanentes abram mão
da prerrogativa de que dispõem, o
mais lógico é supor que a reforma do
CS teria um caráter mais simbólico
do que prático.
Continuariam existindo cinco nações mais poderosas (com direito a
veto), outras com menor força (representação permanente, mas sem o
veto) e o restante dos países. O Brasil,
se tudo sair como quer o governo, ficaria no segundo grupo.
Embora a idéia da reforma ainda
esteja em estágio muito embrionário, parece razoável afirmar que o
Brasil ganharia prestígio internacional como membro permanente.
Também é certo que o país precisaria
participar mais ativamente da ONU,
incorrendo em maiores gastos.
Antes que o ufanismo prospere,
convém aguardar que se definam os
contornos da reformulação. Só então será possível avaliar suas conseqüências práticas e políticas.
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