São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2006

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Perda de impulso

CONTINUA A crescer o número de trabalhadores que exercem atividade remunerada, seja no setor formal ou no setor informal, na economia brasileira. Mas a velocidade dessa expansão é cada vez menor.
Dois levantamentos divulgados recentemente reafirmam esse diagnóstico. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho, revelou que em agosto a abertura de novos postos de trabalho formal ficou abaixo do que esperavam os analistas. O resultado levou o ministro da pasta a, pela primeira vez, admitir que 2006 poderá encerrar-se com uma geração de empregos formais até menor do que a de 2005.
Já a divulgação, também pelo Ministério do Trabalho, da Relação Anual de Informações Sociais relativa a 2005 evidenciou que já naquele ano a expansão do número de empregados havia sido menor do que em 2004.
A perda de ímpeto da ocupação, reflexo do baixo dinamismo da economia, constitui um fenômeno preocupante. Por isso mesmo os diversos indicadores revelam uma relativa estagnação, num nível ainda alto, da taxa de desocupação.
Também pelo lado da remuneração dos trabalhadores a evolução do mercado de trabalho tem sido positiva -porém igualmente neste aspecto as perspectivas são menos positivas.
Com auxílio da redução da inflação, desde fins de 2003 o poder de compra médio dos trabalhadores brasileiros que têm uma ocupação tem se mantido em recuperação, e esse movimento prossegue em 2006.
Olhando à frente, no entanto, a combinação entre o nível ainda alto de desocupação e a perspectiva de que a inflação não se mantenha em queda rápida prenuncia uma desaceleração ou mesmo uma interrupção da recuperação do poder de compra dos trabalhadores. Poder de compra que ainda se encontra, segundo todos os indicadores, claramente abaixo do nível de 2002, constatação importante para se qualificar devidamente a recuperação do mercado de trabalho que ora perde impulso.


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