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Perda de impulso
CONTINUA A crescer o número de trabalhadores que
exercem atividade remunerada, seja no setor formal ou
no setor informal, na economia
brasileira. Mas a velocidade dessa expansão é cada vez menor.
Dois levantamentos divulgados recentemente reafirmam esse diagnóstico. O Cadastro Geral
de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho,
revelou que em agosto a abertura
de novos postos de trabalho formal ficou abaixo do que esperavam os analistas. O resultado levou o ministro da pasta a, pela
primeira vez, admitir que 2006
poderá encerrar-se com uma geração de empregos formais até
menor do que a de 2005.
Já a divulgação, também pelo
Ministério do Trabalho, da Relação Anual de Informações Sociais relativa a 2005 evidenciou
que já naquele ano a expansão do
número de empregados havia sido menor do que em 2004.
A perda de ímpeto da ocupação, reflexo do baixo dinamismo
da economia, constitui um fenômeno preocupante. Por isso
mesmo os diversos indicadores
revelam uma relativa estagnação, num nível ainda alto, da taxa
de desocupação.
Também pelo lado da remuneração dos trabalhadores a evolução do mercado de trabalho tem
sido positiva -porém igualmente neste aspecto as perspectivas
são menos positivas.
Com auxílio da redução da inflação, desde fins de 2003 o poder de compra médio dos trabalhadores brasileiros que têm
uma ocupação tem se mantido
em recuperação, e esse movimento prossegue em 2006.
Olhando à frente, no entanto, a
combinação entre o nível ainda
alto de desocupação e a perspectiva de que a inflação não se
mantenha em queda rápida prenuncia uma desaceleração ou
mesmo uma interrupção da recuperação do poder de compra
dos trabalhadores. Poder de
compra que ainda se encontra,
segundo todos os indicadores,
claramente abaixo do nível de
2002, constatação importante
para se qualificar devidamente a
recuperação do mercado de trabalho que ora perde impulso.
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