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Seis meses depois
ORGANIZAÇÕES não-governamentais, paragovernamentais ou parapartidárias? A CPI das ONGs, finalmente instalada mais de seis meses
após sua aprovação no Senado,
deveria, como princípio, ajudar a
separar o joio do trigo na relação
entre o poder público e essas entidades da sociedade civil.
Muitos programas estatais de
sucesso seriam inviáveis sem a
participação de ONGs e associações similares. Tal relação ficou
patente, por exemplo, na ação da
Pastoral da Criança e sua rede
nacional de voluntários contra a
desnutrição infantil. Outro experimento em geral positivo é a
transferência da gestão de hospitais estatais para fundações.
Mas alguns atributos que proporcionam às ONGs uma relativa agilidade -como o fato de serem menos sujeitas à burocracia
de prestação de contas típica do
setor público- oferecem também oportunidades a políticos e
empresários inescrupulosos.
Uma entidade que recebe dinheiro do governo ou de uma estatal para treinar trabalhadores,
por exemplo, pode ser apenas a
fachada para o financiamento
ilegal de campanhas.
A CPI do Senado começará em
alta temperatura, embalada pelas suspeitas que relacionam a líder do PT na Casa, Ideli Salvatti,
a uma ONG catarinense que recebeu mais de R$ 5 milhões do
governo federal desde 2003. Os
petistas, por seu turno, prometem questionar repasses a entidades civis durante a gestão
FHC. A comissão tem mandato
para investigar casos suspeitos
de 1999 a 2006, período em que
os cofres públicos federais destinaram R$ 34 bilhões a ONGs.
Que as ameaças mútuas redundem na ampliação dos casos
suspeitos investigados com profundidade pela CPI, e não em
mais um pacto pela impunidade.
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