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Editoriais
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Campeonato da inépcia
É COMO um clínico que não
sabe o que fazer diante de
um resfriado. Ou um arquiteto incapaz de projetar uma casa. Falta-lhes o conhecimento
mínimo para exercer o ofício.
Muitos deputados federais ignoram noções basilares da função de legislar, para a qual foram
eleitos. De fevereiro de 2007 ao
mês passado, 254 propostas foram devolvidas pela Câmara a
seus autores devido a erros primários. A atual legislatura tem
ainda 16 meses pela frente e já
conquista um desonroso recorde
nesse campeonato da inépcia.
A desídia se faz evidente em casos de propostas idênticas apresentadas pelo mesmo parlamentar. Deputados também subscrevem projetos em áreas de incumbência exclusiva do presidente
da República. Pululam textos
que ferem a Constituição.
Num lance anedótico, tomado
apenas como exemplo, um deputado propôs que o ministro da
Defesa, ainda que civil, tivesse o
direito de usar farda. Não bastasse a irrelevância da iniciativa, ela
ainda se choca com a Carta, pois
apenas o presidente da República pode tomar iniciativa de legislar sobre temas relacionados às
Forças Armadas.
Se não foi capaz de informar-se, o congressista poderia recorrer a seu pelotão particular de assessores. Cada deputado pode
sacar R$ 60 mil do contribuinte
todo mês, verba destinada apenas a pagar funcionários, que variam de 5 a 25 em cada gabinete.
Mas os cabos, eleitorais, alistados para esses postos em geral
atuam em outras batalhas.
Se a inépcia e o desrespeito ao
cidadão que elege e custeia seus
representantes estivessem restritos a um brancaleônico exército de deputados obscuros, vá lá.
Mas o Congresso acaba de aprovar, com endosso massacrante, a
farra que criou 7.709 vagas de vereador no país -o texto, quando
estabelece que os edis devem assumir já, afronta princípios legais e decisões do Supremo.
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