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A CLONAGEM EM QUESTÃO
Ao lado dos transgênicos, a
clonagem humana é um dos
temas científicos que mais paixões
desperta, produzindo legiões de defensores e coortes de oponentes. Hoje as duas forças vão se medir na
ONU. A Assembléia Geral tentará
aprovar uma resolução a respeito do
assunto. De um lado, há a proposta,
defendida pela Bélgica e por mais 22
países de proibir a chamada clonagem reprodutiva, com vistas a produzir cópias genéticas de um indivíduo, e permitir a clonagem terapêutica, cujo objetivo é obter células-tronco, isto é, que conservam a capacidade de converter-se em qualquer tipo
de tecido. A clonagem terapêutica é
vista como uma promessa na cura de
moléstias degenerativas, como o mal
de Parkinson, e possibilitaria até a
criação de órgãos para reposição.
Do outro lado, está a proposta, encabeçada por EUA e Costa Rica, e defendida por pelo menos mais 61 países, de proibir todo e qualquer tipo
de clonagem. Este grupo se opõe à
clonagem terapêutica porque ela implica a destruição de embriões humanos em seus primeiros estágios
de desenvolvimento (blastocisto).
Resoluções da Assembléia Geral,
diferentemente das do Conselho de
Segurança, não são obrigatórias,
mas têm importância simbólica.
Esta Folha está do lado dos que defendem a liberação da clonagem terapêutica. O potencial desse tipo de
pesquisa é expressivo, podendo levar
à cura de males que flagelam a humanidade desde sempre. Embora
delicada, acreditamos que a questão
da proteção legal ao ovo humano
não se justifica: um embrião de dias
mantido fora do útero não é mais vida do que um óvulo isolado. O raciocínio conservador, levado ao extremo, exigiria que também espermatozóides fossem "protegidos", o que
impediria relações sexuais que não
tivessem como meta a reprodução.
É do interesse humano que a pesquisa médica avance e o faça dentro
de padrões éticos. Daí a importância
de que a ONU não proscreva, mas
chancele a clonagem terapêutica.
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