UOL




São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A CLONAGEM EM QUESTÃO

Ao lado dos transgênicos, a clonagem humana é um dos temas científicos que mais paixões desperta, produzindo legiões de defensores e coortes de oponentes. Hoje as duas forças vão se medir na ONU. A Assembléia Geral tentará aprovar uma resolução a respeito do assunto. De um lado, há a proposta, defendida pela Bélgica e por mais 22 países de proibir a chamada clonagem reprodutiva, com vistas a produzir cópias genéticas de um indivíduo, e permitir a clonagem terapêutica, cujo objetivo é obter células-tronco, isto é, que conservam a capacidade de converter-se em qualquer tipo de tecido. A clonagem terapêutica é vista como uma promessa na cura de moléstias degenerativas, como o mal de Parkinson, e possibilitaria até a criação de órgãos para reposição.
Do outro lado, está a proposta, encabeçada por EUA e Costa Rica, e defendida por pelo menos mais 61 países, de proibir todo e qualquer tipo de clonagem. Este grupo se opõe à clonagem terapêutica porque ela implica a destruição de embriões humanos em seus primeiros estágios de desenvolvimento (blastocisto).
Resoluções da Assembléia Geral, diferentemente das do Conselho de Segurança, não são obrigatórias, mas têm importância simbólica.
Esta Folha está do lado dos que defendem a liberação da clonagem terapêutica. O potencial desse tipo de pesquisa é expressivo, podendo levar à cura de males que flagelam a humanidade desde sempre. Embora delicada, acreditamos que a questão da proteção legal ao ovo humano não se justifica: um embrião de dias mantido fora do útero não é mais vida do que um óvulo isolado. O raciocínio conservador, levado ao extremo, exigiria que também espermatozóides fossem "protegidos", o que impediria relações sexuais que não tivessem como meta a reprodução.
É do interesse humano que a pesquisa médica avance e o faça dentro de padrões éticos. Daí a importância de que a ONU não proscreva, mas chancele a clonagem terapêutica.


Texto Anterior: Editoriais: O FUTURO DA RETOMADA
Próximo Texto: Editoriais: O CASO SOARES

Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.