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São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003

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O CASO SOARES

As circunstâncias que levaram à demissão de Luiz Eduardo Soares, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, estão por merecer esclarecimentos por parte do governo. Soares, cuja capacitação acadêmica na área de segurança é internacionalmente reconhecida, pediu exoneração do Ministério da Justiça depois de um dossiê apócrifo com denúncias de supostas irregularidades e de acusações de nepotismo.
Pouco ou nenhum crédito foi dado ao dossiê, cujas acusações não foram demonstradas. Quanto ao nepotismo, ele diz respeito à contratação, por processo público, da atual e da ex-mulher de Soares para programas ligados ao ministério. Em que pesem as inegáveis credenciais das contratadas, teria sido, por certo, prudente ter evitado a contratação, notadamente num país em que a cultura política nesses casos é das piores.
Nada disso, no entanto, encerra o caso. Em entrevistas a órgãos da imprensa, entre eles a Folha, Soares mencionou uma série de fatos que despertam inquietação e estão sem respostas. Por que e por quem um funcionário do ministério teria sido instruído a gravar clandestinamente declarações do ex-secretário? Quem está por trás do dossiê apócrifo? O que tem o governo a dizer sobre um funcionário que supostamente faria lobby para um banco japonês com vistas a um milionário programa de cadastro único de identificação civil? Qual, afinal, o papel do ministro da Casa Civil, José Dirceu, no processo de "fritura" do ex-secretário?
São questões que estão por ser esclarecidas. É de perguntar também até que ponto o elogiado projeto do Sistema Único de Segurança Pública, ao qual o ex-secretário se dedicava, será mantido e se as verbas a ele prometidas continuarão disponíveis. Eis um caso em que o propalado apego petista à transparência pública ainda nem de longe se manifestou.


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