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O CASO SOARES
As circunstâncias que levaram à demissão de Luiz Eduardo Soares, ex-secretário Nacional de
Segurança Pública, estão por merecer esclarecimentos por parte do governo. Soares, cuja capacitação acadêmica na área de segurança é internacionalmente reconhecida, pediu
exoneração do Ministério da Justiça
depois de um dossiê apócrifo com
denúncias de supostas irregularidades e de acusações de nepotismo.
Pouco ou nenhum crédito foi dado
ao dossiê, cujas acusações não foram
demonstradas. Quanto ao nepotismo, ele diz respeito à contratação,
por processo público, da atual e da
ex-mulher de Soares para programas
ligados ao ministério. Em que pesem
as inegáveis credenciais das contratadas, teria sido, por certo, prudente
ter evitado a contratação, notadamente num país em que a cultura política nesses casos é das piores.
Nada disso, no entanto, encerra o
caso. Em entrevistas a órgãos da imprensa, entre eles a Folha, Soares
mencionou uma série de fatos que
despertam inquietação e estão sem
respostas. Por que e por quem um
funcionário do ministério teria sido
instruído a gravar clandestinamente
declarações do ex-secretário? Quem
está por trás do dossiê apócrifo? O
que tem o governo a dizer sobre um
funcionário que supostamente faria
lobby para um banco japonês com
vistas a um milionário programa de
cadastro único de identificação civil?
Qual, afinal, o papel do ministro da
Casa Civil, José Dirceu, no processo
de "fritura" do ex-secretário?
São questões que estão por ser esclarecidas. É de perguntar também
até que ponto o elogiado projeto do
Sistema Único de Segurança Pública,
ao qual o ex-secretário se dedicava,
será mantido e se as verbas a ele prometidas continuarão disponíveis. Eis
um caso em que o propalado apego
petista à transparência pública ainda
nem de longe se manifestou.
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