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Com fidelidade
É TRAÇO constitutivo dos ciclos eleitorais brasileiros
que a cada novo mandato
sejam postas em questão as regras do jogo político. Os desmandos ocorridos na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
apenas acentuaram esse vezo: o
diversionismo dos mandatários
atribuiu a origem da corrupção
às "deformações do sistema".
Que fique claro: nenhuma reforma política será capaz de
atuar sobre as causas da corrupção. Não é esse o seu objetivo, e
sim o de alterar as regras da representação do poder popular.
Aos que sonham, por seu turno, com vôos altos na reforma
política cabe lembrar que há passos iniciais simples e eficazes,
que dispensam a complexa mobilização de forças parlamentares para emendar a Carta.
Com uma lei aprovada por
maioria simples na Câmara, seria possível implementar a fidelidade partidária. Pelo projeto,
que já passou pelo Senado, quem
muda de legenda fica impedido
de candidatar-se pelos quatro
anos seguintes. Esse dispositivo
contribuiria para reforçar os elos
entre candidatos e partidos, inibindo trocas constantes de sigla.
A fidelidade partidária reforçaria o espírito da cláusula de barreira, já em vigor. Na eleição de
outubro, a medida restringiu fortemente o acesso de 22 partidos
sem desempenho mínimo nas
urnas a recursos do fundo partidário, representação em comissões e propaganda na TV.
Esse processo de depuração
está em pleno curso e resulta não
de um casuísmo mas de uma medida que levou dez anos para ser
totalmente implantada. Quando
o assunto é reforma política, às
vezes a opção por avanços incrementais é tão eficiente quanto
propostas radicais para alterar o
sistema -e bem mais factível.
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