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Resistência difícil
PARECEM interessantes as
novas ideias acalentadas
pela equipe econômica para
tentar diminuir a velocidade em
que o real se valoriza. Depois da
implantação da tarifa de 2% para
os estrangeiros que queiram investir em ações e outros títulos
no Brasil, o objetivo agora é permitir que parte dessas aplicações
seja feita fora do país.
A taxação na entrada de capitais tem efeitos colaterais. Se
funcionar -isto é, se não for burlada pelo inesgotável acervo de
dribles à disposição dos aplicadores globais-, prejudicará empresas brasileiras que não têm
acesso ao mercado externo e
contam com a entrada do capital
estrangeiro, a fim de obterem recursos a custo mais baixo.
A própria Bovespa, um dos cinco maiores pregões do mundo,
teria a atratividade reduzida no
cotejo com Nova York -onde se
adquirem ações brasileiras sem
os 2% de imposto. A abordagem
da nova safra de propostas ainda
em estudo criaria menos arestas.
Estrangeiros, ao aplicarem no
mercado de futuros da Bovespa,
não precisariam depositar as garantias do negócio no Brasil. Poderiam fazê-lo em bancos fora do
país. O Tesouro retomaria a
emissão de dívida externa em
reais, oferecendo condições próximas às de aplicações em títulos
públicos domésticos, sem necessidade de trazer os dólares.
Não se deve esperar, contudo,
mudança na tendência do câmbio com esse conjunto de medidas. No máximo, retardarão o
ritmo da alta do real -mas até isso é difícil de saber, pois não se
pode calcular qual teria sido o
comportamento da moeda na
ausência dessas iniciativas.
No mundo rico as aplicações financeiras, quer em empresas,
quer na dívida pública, têm rendimento baixíssimo. No Brasil, já
em crescimento acelerado, negócios privados prometem ganhos
bem maiores, o governo paga juros ainda elevados e o câmbio
flutua -à diferença do que ocorre na China, cuja moeda está ancorada à americana.
Diante dessa conjunção de fatores, é difícil resistir à corrente
que valoriza o real.
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