São Paulo, sexta-feira, 06 de novembro de 2009

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ELIANE CANTANHÊDE

Nem tão longe, nem tão perto

BRASÍLIA - Ao acolher as denúncias de desvio e de lavagem de dinheiro público contra o senador tucano Eduardo Azeredo, o ministro do STF Joaquim Barbosa expõe os subterrâneos do financiamento de campanhas, com o PSDB e o PT lado a lado. E eles não estão sós.
Os atuais métodos levam inevitavelmente a acusações e confusões. Se alguém contribui em aberto, com tudo declarado, está sujeito a suspeição toda vez que seu candidato votar algum projeto e, em especial, se ele se meter em enrascadas. Mas, se contribui por baixo dos panos, no "caixa dois", está sujeito a processo criminal. Se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega. E com campanhas cada vez mais sofisticadas e mais caras.
Há, porém, diferenças entre o que se chama de "valerioduto mineiro", contra o tucano Azeredo, e o "mensalão", que pegou o PT de jeito. Num, a acusação é focada no financiamento ilegal de candidaturas. No outro, no pagamento de propina para amoldar os votos de partidos e parlamentares já eleitos ao gosto de um governo.
Como há a questão que Azeredo levanta e gera constrangimentos: ele está envolvido por financiamentos que, aparentemente, saíam de empresas mineiras, entravam no caixa de Marcos Valério e desembocavam na campanha tucana. Como cabeça de chapa, ele é também o acusado-mor. Mas, no caso do candidato e atual presidente da República, isso não ocorreu.
Grandalhões da campanha de Lula respondem por diferentes acusações, mas sozinhos. E os eventuais compradores e comprados para votar com o governo no Congresso estão encalacrados, mas a responsabilidade do governo teve teto: parou em Zé Dirceu.
O STF acerta ao capturar Azeredo na rede. Que sirva para jogar luzes sobre financiamentos de campanha, desde que deixando bem claro que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Pelo menos, até o próximo escândalo.

elianec@uol.com.br


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