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EMÍLIO ODEBRECHT
Construindo uma visão
A CONSTRUÇÃO de uma visão, como base do planejamento de longo prazo, é prática recente em empresas brasileiras. Em nossa organização, vivemos esta experiência pela primeira
vez no ano 2000 e comprovamos
que funciona, porque a visão deve
ser a expressão de um sonho, fruto
da vontade coletiva, concebida para direcionar, envolver e motivar
líderes e liderados.
A visão é um futuro a ser criado.
Não é um caminho nem uma projeção, mas um conjunto compartilhado de desejos audaciosos.
Vamos alcançar o que queremos
muito mais pelo exercício de imaginar e sonhar do que pela projeção
de um passado e de um presente já
conhecidos.
Por isso, nos momentos de transição, tão logo o sonho seja explicitado pelo líder da geração que está
assumindo uma organização, é imprescindível que se busque a resposta certa para três perguntas
fundamentais: quais forças e qualificações temos hoje que podem
respaldar o sonho sonhado? Que
outras qualificações a realização do
sonho exige? O que é possível e
necessário fazer desde já para que
se realize?
O resultado desse exercício nos
ajudará a distinguir entre o consenso sobre o fim, que é a visão
em si mesma, e o consenso sobre os
meios, ou: como fazer para chegar
lá.
Tentar prever o futuro pode ser
um exercício inócuo, mas, neste
momento, a construção de uma visão tem que levar em consideração
a cultura da empresa e o conhecimento como premissas básicas e a
noção de que as "nações do futuro"
serão domínios econômicos globais que ultrapassam o conceito de
fronteiras geopolíticas; crescerá a
interdependência entre governos,
empresas e sociedade civil organizada; e o Brasil assumirá papel de
destaque na economia internacional pela produção de petróleo, água
doce -cujo consumo no mundo,
no século 20, cresceu no dobro da
velocidade do crescimento da população- energia e alimentos.
Outro aspecto a considerar é a
tendência de substituição das noções tradicionais de emprego por
novas formas de relacionamento
no mundo do trabalho, o que impacta o perfil desejado do profissional de amanhã.
A capacidade de atrair e reter talentos será diretamente proporcional à adaptação a essa nova realidade, onde se dará valor à relação pessoa a pessoa, baseada na confiança,
e à diversidade quanto a idade, gênero, etnia, formas de pensamento
e repertório cultural.
Finalmente, é fundamental que,
ao olhar para o futuro, as empresas
priorizem a produção de riquezas
com o propósito de assegurar a sobrevivência do planeta e uma vida
melhor para toda a humanidade.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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