São Paulo, domingo, 06 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EMÍLIO ODEBRECHT

Construindo uma visão

A CONSTRUÇÃO de uma visão, como base do planejamento de longo prazo, é prática recente em empresas brasileiras. Em nossa organização, vivemos esta experiência pela primeira vez no ano 2000 e comprovamos que funciona, porque a visão deve ser a expressão de um sonho, fruto da vontade coletiva, concebida para direcionar, envolver e motivar líderes e liderados. A visão é um futuro a ser criado.
Não é um caminho nem uma projeção, mas um conjunto compartilhado de desejos audaciosos. Vamos alcançar o que queremos muito mais pelo exercício de imaginar e sonhar do que pela projeção de um passado e de um presente já conhecidos.
Por isso, nos momentos de transição, tão logo o sonho seja explicitado pelo líder da geração que está assumindo uma organização, é imprescindível que se busque a resposta certa para três perguntas fundamentais: quais forças e qualificações temos hoje que podem respaldar o sonho sonhado? Que outras qualificações a realização do sonho exige? O que é possível e necessário fazer desde já para que se realize?
O resultado desse exercício nos ajudará a distinguir entre o consenso sobre o fim, que é a visão em si mesma, e o consenso sobre os meios, ou: como fazer para chegar lá.
Tentar prever o futuro pode ser um exercício inócuo, mas, neste momento, a construção de uma visão tem que levar em consideração a cultura da empresa e o conhecimento como premissas básicas e a noção de que as "nações do futuro" serão domínios econômicos globais que ultrapassam o conceito de fronteiras geopolíticas; crescerá a interdependência entre governos, empresas e sociedade civil organizada; e o Brasil assumirá papel de destaque na economia internacional pela produção de petróleo, água doce -cujo consumo no mundo, no século 20, cresceu no dobro da velocidade do crescimento da população- energia e alimentos.
Outro aspecto a considerar é a tendência de substituição das noções tradicionais de emprego por novas formas de relacionamento no mundo do trabalho, o que impacta o perfil desejado do profissional de amanhã.
A capacidade de atrair e reter talentos será diretamente proporcional à adaptação a essa nova realidade, onde se dará valor à relação pessoa a pessoa, baseada na confiança, e à diversidade quanto a idade, gênero, etnia, formas de pensamento e repertório cultural.
Finalmente, é fundamental que, ao olhar para o futuro, as empresas priorizem a produção de riquezas com o propósito de assegurar a sobrevivência do planeta e uma vida melhor para toda a humanidade.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.


Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O pecado original
Próximo Texto: Frases

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.