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Sinais de coordenação
Ministério da Fazenda precisa trabalhar em sintonia com o Banco Central para tornar possível a redução do patamar da taxa de juros
Nas últimas semanas, as autoridades têm dado sinais de que poderá haver maior diálogo entre o
Ministério da Fazenda e o Banco
Central para adequar a política
econômica aos desafios atuais,
com dois objetivos principais.
O primeiro é criar as condições
necessárias para a queda dos juros. Neste sentido, o controle da
inflação é fundamental e não pode mais ficar a cargo apenas do
Banco Central, como tem sido o
caso. Já passou da hora de haver
colaboração da Fazenda, por meio
de maior controle das despesas e
do crédito público. Caso contrário,
não será possível reduzir a taxa de
juros para níveis internacionais
(em torno de 2% descontada a inflação) nos próximos anos. O segundo objetivo é obter mais recursos para que se possa elevar os investimentos do governo, para o
qual a gestão do Orçamento também ocupa lugar central.
Mas qual é a dimensão do esforço fiscal necessário? O deficit público deverá atingir 2,5% do PIB
em 2010. Descontando o efeito da
capitalização da Petrobras e outras maquiagens contábeis, o deficit seria próximo a 4,5% do PIB
(1% do PIB de superavit primário
menos 5,5% do PIB em despesas
com juros da dívida). É muito, especialmente em um ano de crescimento da economia de 7,5%.
A nova equipe econômica já
ventilou a ideia -antiga, diga-se- de levar a dívida pública líquida de 40% do PIB atualmente
para 30% do PIB em 2014. Neste
período, o deficit cairia para zero.
Não é um esforço demasiado no
contexto de um crescimento da
economia próximo a 4,5%, como
se prevê para os próximos anos.
Basta que se assegure um crescimento das despesas de 1 a 2 pontos percentuais inferior ao do PIB.
Quando se tem em mente que apenas a despesa de pessoal passou
de R$ 75 bilhões em 2002 para
quase R$ 200 bilhões estimados
no Orçamento de 2011 (um crescimento real próximo a 45%), é difícil crer que não haja margem para
contenção. Além disso, uma boa
gestão orçamentária facilitaria a
queda dos juros, economizando
um pedaço relevante das despesas financeiras.
Ressalte-se, no entanto, que
neste caso a ordem dos fatores altera o produto: tentar cortar os juros antes de ações convincentes
do lado fiscal seria, nas condições
atuais do país, uma receita para o
fracasso.
É necessária ainda uma agenda
de incremento da eficiência. A redução de despesas quase sempre
é pautada no Brasil por cortes lineares. Muito melhor seria partir
de uma visão gerencial mais inteligente e aprofundada, dotando o
governo da capacidade de redirecionar recursos com base em diretrizes que favoreçam o desenvolvimento. O desafio da gestão pública está longe de ser banal. Ao contrário, em conjunto com uma melhor coordenação das políticas
monetária e fiscal, tem o potencial
de aumentar os recursos para investimentos produtivos.
Os primeiros ensaios parecem
positivos do lado do Banco Central, mas é preciso aguardar que
também a Fazenda dê seus passos
na direção esperada.
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