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Trem caro
O governo transferiu o leilão do
trem-bala para abril do próximo
ano. O adiamento oferece uma nova oportunidade de discussão
acerca do projeto.
Na medida provisória 511, que
normatiza a disputa pela construção e exploração da linha, determina-se uma reserva de até R$ 20
bilhões para financiamento via
BNDES e um seguro, de até R$ 5 bilhões, caso a receita gerada pela
operação, nos dez primeiros anos,
fique abaixo do previsto.
Em tese, a proposta responderia
ao quesito de escala, uma vez que
unirá São Paulo e Rio de Janeiro,
duas regiões com alta densidade
populacional e separadas por
uma distância considerada boa
para a operação. As perspectivas
porém são de elevada participação de recursos estatais no empreendimento, que poderia, por
exemplo, dispensar o seguro público -uma vez que há instrumentos privados de securitização
para obras desse tipo.
Outras críticas pontuais poderiam ser feitas, mas o fundamental
é que há alternativas mais eficientes, menos custosas, sem necessidade de tantas benesses do Estado
e com impacto social maior do que
o trem-bala. Uma possibilidade a
ser estudada é o trem expresso,
que faz em média 160 km/hora e
poderia oferecer passagens a preços mais baixos e custo de construção, em média, 45% menor.
Há na Europa opções como o
italiano Pendolino, que não é um
trem-bala (que atinge 330 km/hora), mas pode chegar a 250 km/hora. Um mecanismo, baseado num
pequeno pêndulo, permite que as
composições se inclinem nas curvas, garantindo alta velocidade.
Nesse caso, a linha seria mais econômica, pois poderia ser mais sinuosa do que a do trem-bala.
Com a emergência de setores
sociais de baixa renda no país, os
benefícios sociais de um trem com
tarifas acessíveis seriam mais amplos -com a vantagem adicional
de estimular a competição com os
preços de ônibus e aviões.
O Brasil ainda é um país desigual, que precisa crescer e distribuir oportunidades. Escolher um
meio de transporte mais acessível
seria técnica, econômica e socialmente mais adequado.
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