São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2009

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Editoriais

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Revés na indústria


Atividade registra forte retração em novembro, o que pede corte nos juros básicos, pelo BC, e novas medidas de estímulo

O IBGE acaba de revelar dados muito ruins sobre a economia em novembro. Naquele mês a produção das fábricas brasileiras ficou 5,2% menor do que o apurado em outubro, quando já recuara 2,8%. O revés acumulado no bimestre, de quase 8%, fez a produção voltar para o nível equivalente a maio de 2008.
Em novembro, houve desempenho negativo em 21 dos 27 ramos pesquisados, uma retração generalizada. Ficou por conta das montadoras a principal pressão negativa (22,6%), seguida pela queda de 11,9% no ramo de máquinas e equipamentos.
Na comparação com novembro de 2007, a atividade industrial diminuiu 6,2%, interrompendo 28 meses de resultados positivos. Observou-se recuo em 22 dos 27 ramos pesquisados. As maiores retrações foram registradas em veículos (18,3%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (20,5%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (29,7%).
A indústria de bens de consumo duráveis, dependente do crédito, recuou pelo segundo mês seguido. Em outubro, a queda, em relação a setembro, fora de 4%; em novembro, foi de 20,4%.
Movimento semelhante, com menor intensidade, foi observado na indústria de bens de capital. Em outubro, a contração foi de 0,5%; em novembro, de 4%.
Já a indústria de bens intermediários registrou queda pelo quarto mês consecutivo, sempre na comparação com o mês imediatamente anterior. Com o recuo de 3,9%, o segmento acumulou uma perda acentuada, de 9,6%, entre julho e novembro.
Apesar dos efeitos paralisantes causados pela depressão momentânea no crédito, doméstico e externo, e da deterioração das expectativas empresariais, a indústria brasileira ainda acumulava avanço significativo, de 4,7%, entre janeiro a novembro, na comparação com 2007.
De todo modo, soou um alerta preocupante sobre o principal eixo dinâmico da economia doméstica. A política econômica, que já vem se adaptando a essa realidade, precisa acelerar a tomada de outras decisões -como a redução dos juros básicos pelo Banco Central já na reunião do próximo dia 21- que possam mitigar os impactos da crise na produção e no emprego.
Dados da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores mostraram um aumento de 11,54% nas vendas de veículos em dezembro, na comparação com o mês anterior. É uma evidência de que medidas pontuais de estímulo -no caso, cortaram-se impostos e mobilizaram-se fontes para o crédito automotivo- podem funcionar.


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