|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Gestão e demagogia
A PARTIR desta semana as
agências do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) passaram a conceder aposentadorias por idade automaticamente, sem necessidade de o
segurado apresentar os documentos que comprovem o pagamento das contribuições. Afora
problemas pontuais -comparecimento sem prévio agendamento e lacunas em dados anteriores
a 1976-, a introdução do novo
sistema foi bem-sucedida.
Confirma-se que inovações gerenciais simples levam a ganhos
expressivos no atendimento ao
cidadão. No caso dessa concessão automática, bastou utilizar
as informações do CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais), que reúne dados do PIS/
Pasep, criado em 1976.
Foi necessário aprovar uma lei
que permitisse tal uso cruzado.
Mesmo assim, é difícil entender
como milhões de brasileiros precisaram esperar décadas para se
beneficiar desse dispositivo.
Outras melhorias, além dessa,
foram possíveis com uma medida básica: a introdução do serviço de agendamento por telefone,
a partir de 2006. Atualmente, o
prazo médio para o atendimento
nos postos do INSS no Estado de
São Paulo caiu para sete dias. Em
2007, o segurado esperava até
seis meses, em média. O agendamento prévio também inibiu a
ação de atravessadores, que vendiam lugares na fila.
Houve ganhos, ademais, com
outras iniciativas elementares. A
introdução do dispositivo de alta
programada, em agosto de 2005,
atenuou distorções na concessão
do auxílio-doença. Foi normatizada a concessão dos auxílios-doença concedidos em caso de
acidente de trabalho, recurso
que era pouco utilizado.
Mas os benefícios obtidos com
a melhoria gerencial -abordagem que apenas engatinha no setor público- serão colocados em
risco se a sustentação financeira
da Previdência ficar à mercê de
propostas demagógicas.
Uma das ameaças é o projeto
que o Planalto negocia com sindicalistas para substituir o fator
previdenciário -sistema, implantado em 2009, que estimula
a postergação da aposentadoria-, por regras mais brandas.
Isso comprometeria as contas
públicas no futuro e representaria um retrocesso num país cuja
população vai envelhecendo.
Texto Anterior: Editoriais: Revés na indústria Próximo Texto: São Paulo - Vinicius Mota: A pequena transformação Índice
|