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O ano eleitoral
Disputa presidencial ainda está cercada de incógnitas, mas se esboça um novo confronto entre PT e PSDB pela sucessão
QUASE 132 MILHÕES de
brasileiros estarão aptos a votar nos dias 3 e
31 de outubro deste
ano, na maior eleição da história
do país. Estarão em disputa,
além da Presidência, os governos
dos Estados e do Distrito Federal, duas vagas ao Senado por Estado, além das cadeiras para a
Câmara dos Deputados e para as
Assembleias Legislativas.
A pouco menos de dez meses
do pleito, é compreensível que o
processo eleitoral desperte ainda
pouca atenção, restrita à parcela
mais politizada do público. É natural também que a curiosidade
esteja concentrada nos lances da
sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Há ainda muitas incógnitas em
relação aos nomes e à composição das forças que disputarão o
voto popular. Mas entramos em
2010 com a perspectiva de mais
um confronto polarizado, tendo
o governador tucano José Serra,
líder nas pesquisas, de um lado, e
a ministra Dilma Rousseff, do
PT, do outro. No último Datafolha, de meados de dezembro, pela primeira vez a candidata de
Lula descolou de Ciro Gomes
(PSB), assumindo a segunda colocação, com 23%.
Como, porém, Serra manteve-se estável, com 37%, pode-se
atribuir tanto a subida de 7 pontos percentuais de Dilma como a
da ex-ministra Marina Silva (PV)
-que passou de 3%, em agosto,
para 8%- à retirada de Heloísa
Helena do quadro de candidatos.
Os 12% que em agosto declaravam seu voto no nome do PSOL
migraram para as outras duas
candidaturas, do PT e do PV. Tal
detalhe é importante, pois ilustra que a aposta na polarização é
precoce diante de um quadro
ainda suscetível a mudança.
Serra, ademais, ainda não admitiu oficialmente a candidatura. Tem até o início de abril, seis
meses antes do primeiro turno,
para se desincompatibilizar do
governo e assumir a disputa presidencial, mas a expectativa no
PSDB e entre aliados é que faça o
anúncio em fevereiro.
Supondo-se que Marina será
candidata, com chances de seduzir tanto eleitores do PT como do
PSDB, resta saber o destino de
Ciro. Ele parece mais distante de
uma aventura como postulante
ao governo de São Paulo, mas
também vê suas chances de concorrer à Presidência reduzidas
pela forma com que Lula conduz
o jogo sucessório. Hoje, é certo
dizer que Ciro será candidato se
isso interessar ao Planalto.
Haverá ainda nos próximos
meses intensa negociação em
torno da escolha dos vices. O governador de Minas, Aécio Neves,
que no fim do ano abdicou de disputar a Presidência, reluta em
aceitar compor a chapa com Serra. Prefere disputar o Senado.
No lado governista, a vaga deve
ser destinada ao PMDB, mas é
provável que a novela em torno
do nome se estenda, como no caso dos tucanos, até a data das
convenções partidárias, em junho. Seja como for, dificilmente
Dilma, que nunca disputou uma
eleição e cuja figura é pouco conhecida do público, deixará escapar o tempo de TV que a aliança
com os peemedebistas lhe facultará no horário eleitoral, que começa em meados de agosto.
Só a partir dessa data o processo eleitoral se tornará palpável
para a maioria da população.
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