São Paulo, quinta-feira, 07 de janeiro de 2010

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O ano eleitoral

Disputa presidencial ainda está cercada de incógnitas, mas se esboça um novo confronto entre PT e PSDB pela sucessão

QUASE 132 MILHÕES de brasileiros estarão aptos a votar nos dias 3 e 31 de outubro deste ano, na maior eleição da história do país. Estarão em disputa, além da Presidência, os governos dos Estados e do Distrito Federal, duas vagas ao Senado por Estado, além das cadeiras para a Câmara dos Deputados e para as Assembleias Legislativas.
A pouco menos de dez meses do pleito, é compreensível que o processo eleitoral desperte ainda pouca atenção, restrita à parcela mais politizada do público. É natural também que a curiosidade esteja concentrada nos lances da sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Há ainda muitas incógnitas em relação aos nomes e à composição das forças que disputarão o voto popular. Mas entramos em 2010 com a perspectiva de mais um confronto polarizado, tendo o governador tucano José Serra, líder nas pesquisas, de um lado, e a ministra Dilma Rousseff, do PT, do outro. No último Datafolha, de meados de dezembro, pela primeira vez a candidata de Lula descolou de Ciro Gomes (PSB), assumindo a segunda colocação, com 23%.
Como, porém, Serra manteve-se estável, com 37%, pode-se atribuir tanto a subida de 7 pontos percentuais de Dilma como a da ex-ministra Marina Silva (PV) -que passou de 3%, em agosto, para 8%- à retirada de Heloísa Helena do quadro de candidatos. Os 12% que em agosto declaravam seu voto no nome do PSOL migraram para as outras duas candidaturas, do PT e do PV. Tal detalhe é importante, pois ilustra que a aposta na polarização é precoce diante de um quadro ainda suscetível a mudança.
Serra, ademais, ainda não admitiu oficialmente a candidatura. Tem até o início de abril, seis meses antes do primeiro turno, para se desincompatibilizar do governo e assumir a disputa presidencial, mas a expectativa no PSDB e entre aliados é que faça o anúncio em fevereiro.
Supondo-se que Marina será candidata, com chances de seduzir tanto eleitores do PT como do PSDB, resta saber o destino de Ciro. Ele parece mais distante de uma aventura como postulante ao governo de São Paulo, mas também vê suas chances de concorrer à Presidência reduzidas pela forma com que Lula conduz o jogo sucessório. Hoje, é certo dizer que Ciro será candidato se isso interessar ao Planalto.
Haverá ainda nos próximos meses intensa negociação em torno da escolha dos vices. O governador de Minas, Aécio Neves, que no fim do ano abdicou de disputar a Presidência, reluta em aceitar compor a chapa com Serra. Prefere disputar o Senado.
No lado governista, a vaga deve ser destinada ao PMDB, mas é provável que a novela em torno do nome se estenda, como no caso dos tucanos, até a data das convenções partidárias, em junho. Seja como for, dificilmente Dilma, que nunca disputou uma eleição e cuja figura é pouco conhecida do público, deixará escapar o tempo de TV que a aliança com os peemedebistas lhe facultará no horário eleitoral, que começa em meados de agosto.
Só a partir dessa data o processo eleitoral se tornará palpável para a maioria da população.


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