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Diplomacia familiar
A notícia de que o Itamaraty
concedeu passaporte diplomático
a dois filhos do ex-presidente Lula
ao final de seu mandato é reveladora da relação equivocada que o
mandatário manteve com o poder
e as benesses decorrentes dele.
Maiores de 21 anos e sem deficiências, esses filhos de Lula não
se enquadram mais na definição
de dependentes. Com isso, a decisão foi tomada "em função de interesses do país", brecha aberta
pelo parágrafo 3º do artigo 6º do
decreto que fixa regras para documentos diplomáticos.
Não faz sentido. O único "interesse" em jogo é o de familiares do
ex-presidente, por mais facilidades em viagens ao exterior.
Nos últimos oito anos, desde o
simbólico episódio inaugural da
estrela vermelha plantada no gramado do Alvorada, o petismo borrou deliberadamente as fronteiras
entre partido e Estado.
Embora tenha prometido "desencarnar" da Presidência, o que
por direito já deveria ter ocorrido,
o ex-mandatário parece encontrar
grande dificuldade em fazê-lo. De
saída do Planalto, embarcou no
Aerolula rumo a São Bernardo do
Campo. Três dias depois foi descansar em área militar reservada
em Guarujá, onde passava férias
quando era o presidente.
O roteiro não é ilegal, uma vez
que logo surgiu um convite do Ministério da Defesa para explicar a
inusitada transformação do Forte
dos Andradas em colônia de férias
do ex-presidente. No entanto demonstra a dificuldade de Lula em
compreender que estruturas públicas não lhe pertencem.
Há, claro, benefícios legais previstos para quem governou o país
-ex-presidentes têm direito, por
lei, a até oito servidores à sua disposição, além de dois carros.
Lula já anunciou muitos planos
para a nova fase -de pescar a
combater a fome na África. Que faça o que melhor lhe convier, desde
que "desencarnado" de fato.
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