São Paulo, sexta-feira, 07 de janeiro de 2011 |
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JOSÉ SARNEY O caminho democrático Em discurso na ONU, há alguns anos, eu disse que "o caminho do desenvolvimento é a democracia". Minha convicção é que o poder criativo da liberdade é um canal de aprendizagem que corrige distorções, encontra soluções e leva a sociedade a uma unidade formada pela diversidade. Pode parecer um paradoxo, mas a igualdade que a liberdade traz -com o fundamento de que todos somos iguais perante a lei, detentores dos mesmos direitos- com o exercício e o tempo leva à solução dos conflitos e ao caminho do progresso e do desenvolvimento. A democracia é o governo da liberdade. Não é sem motivos que vivemos a sensação do fim da história e a definitiva vitória da democracia liberal como o regime que governará toda a humanidade. E nosso exemplo e vivência nos ajudam a construir essa verdade. Vivemos hoje o mais longo período de democracia no Brasil, e esta prática democrática nos levou ao atual momento de crescimento econômico, paz social, liberdade de expressão, respeito aos direitos humanos e prestígio internacional pela solidez de nossas instituições. A transmissão do poder, com a periodicidade dos mandatos, que vivemos no dia 1º de janeiro mostrou a democracia como rotina, depois de eleições livres, sem nenhuma contestação e em clima civilizado e de convivência madura e educada entre os candidatos e os partidos. É motivo de orgulho para o Brasil, principalmente se compararmos com o que ocorre em alguns países do nosso continente. Instala-se, também, nesta semana, novo Congresso venezuelano. Lá, o presidente -eleito pela primeira vez em 1998, com mandato até 2013 e possibilidade de reeleições ilimitadas- governa por decreto, e baixou-se uma lei pela qual ao Congresso só é permitido reunir-se quatro vezes por mês, com restrições à liberdade de expressão, rádios, televisões e jornais fechados e uma estrutura legal na qual os partidos não funcionam nem os Estados e municípios são autônomos. Com isso convive também uma crise econômica séria que corrói a economia e sacrifica o povo. O Brasil, assim, tem autoridade para pregar ao mundo as excelências do nosso regime e o desenvolvimento político, econômico e social do país. Nem tudo são flores. Muita coisa ainda precisamos fazer. Mas é justamente a democracia que vai nos possibilitar a solução de nossos problemas. Já percorremos uma longa jornada. E a posse da presidente Dilma foi grande exemplo e motivo de orgulho institucional. JOSÉ SARNEY escreve às sextas-feiras nesta coluna. jose-sarney@uol.com.br Texto Anterior: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Cidades hostis Próximo Texto: TENDÊNCIAS/DEBATES Demóstenes Torres: A urgência do saneamento Índice | Comunicar Erros |
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