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VINICIUS TORRES FREIRE
Política de férias
SÃO PAULO - A pré-temporada político-econômica de 2005, o período
entre o Natal e o Carnaval, teve seu
interesse. Dada a falta de fofocas no
Congresso, o período costuma ser dedicado à desconversa da reforma política. Neste ano, rendeu mais:
1. A oposição ganhou uma causa, a
dos impostos. Pode ser que a MP 232,
a facada na classe média alta, caia.
Mas, no caso dos impostos, o governo
Lula já caiu na boca do povo, pouco
importa se os tributos tenham subido
muito mais sob FHC;
2. Coisas estranhas acontecem com
o Orçamento no Congresso. A "emenda FMI", um pacote de dezenas de
obras aprovadas de atropelo no fim
do ano e quase sem vista parlamentar é apenas uma delas;
3. Roberto Rodrigues deu uma vassourada no petismo-lulismo abrigado na Agricultura. De olho em 2006,
Lula vai deixar de fazer vista grossa
para lulista-petista inepto? Vão enfim tirar Olívio Dutra de sua tumba
na Esplanada dos Ministérios?
4. O PT no Congresso significa desordem. Primeiro, partido e governo
se enrolaram com o desejo de reeleição de João Paulo e Sarney. Agora, se
enrolam com a eleição na Câmara. A
desordem e o desabrido fisiologismo
permitido por Lula desde a sua primeira hora ora provocam mais uma
indecente remontagem de legendas e
de troca-trocas no Congresso;
5. O governo fez mais uma campanha, por meio de seus amigos na mídia, para provar que não troca nem o
moço do café do Banco Central se Palocci assim não o quiser;
6. Economistas com experiência de
vida, de governo e notoriamente ortodoxos como Gustavo Loyola, José
Scheinkman e Sérgio Werlang são tidos como inflacionistas no BC;
7. BC e governo encalacram o futuro econômico do Brasil. Impuseram a
este país de mercados travados e de
preços indexados metas maníacas de
inflação. Agora, o BC ajuda a valorizar o real e gasta à tripa forra com juros, o que vai impedir a queda da dívida pública. O BC não tem responsabilidade fiscal, nem o governo federal, que gasta mais, mas não para investir. Quando o real se desvalorizar
e a dívida pública subir, para onde
irão os juros já lunáticos do BC?
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