São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2005

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VINICIUS TORRES FREIRE

Política de férias

SÃO PAULO - A pré-temporada político-econômica de 2005, o período entre o Natal e o Carnaval, teve seu interesse. Dada a falta de fofocas no Congresso, o período costuma ser dedicado à desconversa da reforma política. Neste ano, rendeu mais:
1. A oposição ganhou uma causa, a dos impostos. Pode ser que a MP 232, a facada na classe média alta, caia. Mas, no caso dos impostos, o governo Lula já caiu na boca do povo, pouco importa se os tributos tenham subido muito mais sob FHC;
2. Coisas estranhas acontecem com o Orçamento no Congresso. A "emenda FMI", um pacote de dezenas de obras aprovadas de atropelo no fim do ano e quase sem vista parlamentar é apenas uma delas;
3. Roberto Rodrigues deu uma vassourada no petismo-lulismo abrigado na Agricultura. De olho em 2006, Lula vai deixar de fazer vista grossa para lulista-petista inepto? Vão enfim tirar Olívio Dutra de sua tumba na Esplanada dos Ministérios?
4. O PT no Congresso significa desordem. Primeiro, partido e governo se enrolaram com o desejo de reeleição de João Paulo e Sarney. Agora, se enrolam com a eleição na Câmara. A desordem e o desabrido fisiologismo permitido por Lula desde a sua primeira hora ora provocam mais uma indecente remontagem de legendas e de troca-trocas no Congresso;
5. O governo fez mais uma campanha, por meio de seus amigos na mídia, para provar que não troca nem o moço do café do Banco Central se Palocci assim não o quiser;
6. Economistas com experiência de vida, de governo e notoriamente ortodoxos como Gustavo Loyola, José Scheinkman e Sérgio Werlang são tidos como inflacionistas no BC;
7. BC e governo encalacram o futuro econômico do Brasil. Impuseram a este país de mercados travados e de preços indexados metas maníacas de inflação. Agora, o BC ajuda a valorizar o real e gasta à tripa forra com juros, o que vai impedir a queda da dívida pública. O BC não tem responsabilidade fiscal, nem o governo federal, que gasta mais, mas não para investir. Quando o real se desvalorizar e a dívida pública subir, para onde irão os juros já lunáticos do BC?


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