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ELIANE CANTANHÊDE
Sair para ficar
BRASÍLIA - Palocci fica ou sai? Esta é a grande questão da reforma ministerial que Lula terá de fazer até o final de março, prazo de desincompatibilização dos ministros que serão
candidatos em outubro.
A saída de Palocci da Fazenda pode
até interessar a Lula, mas interessa
muito mais ao próprio Palocci. Seu
nome ficou fora do relatório parcial
da CPI dos Bingos, mas nunca se sabe
se vai -e como- aparecer no Ministério Público, na Polícia Federal e,
eventualmente, na Justiça.
Com esses amigos que Palocci arranja, tudo é possível. Rogério Buratti continua falando em propinas da
Prefeitura de Ribeirão Preto para o
PT. O Ademirson não sei o quê está
enrolado na CPI dos Bingos. O tal do
Poletto fala de dólares de Cuba disfarçados em caixas de uísque. Ficou
tudo no ar. Pode ou não explodir.
Por essas e outras, Palocci pode ser
compelido a trocar a Fazenda pela
segurança de um bom e velho mandato de deputado federal, o que, entre outras benesses, lhe garantiria foro privilegiado para "eventualidades".
Como sair da Fazenda não é tão fácil, seja para onde for, Lula e Palocci
discutem como dourar essa pílula.
Como? Transformando Palocci novamente em coordenador da campanha presidencial de Lula, como foi
em 2002. Uma saída estratégica, no
meio de uma reforma ministerial. Ou
seja: ele sairia, ou sairá, por cima. Ao
lado de vários outros ministros-candidatos e com a nobre missão de chefiar a campanha da reeleição.
No seu lugar, poderia ficar o co-piloto, como o secretário-geral, Murilo
Portugal, ou mesmo um piloto automático. Mas, atenção, é bom ficar de
olho no presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli, opção para o final
deste mandato e para um eventual
segundo, se Lula chegar lá.
Gabrielli é a estrela em ascensão
num cenário sem estrelas -a não ser
aquela vermelha que inundou o país
de esperança em 2002. E que, aliás,
também está sendo convenientemente trocada -ou "modernizada".
@ - elianec@uol.com.br
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