São Paulo, terça-feira, 07 de fevereiro de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Sair para ficar

BRASÍLIA - Palocci fica ou sai? Esta é a grande questão da reforma ministerial que Lula terá de fazer até o final de março, prazo de desincompatibilização dos ministros que serão candidatos em outubro.
A saída de Palocci da Fazenda pode até interessar a Lula, mas interessa muito mais ao próprio Palocci. Seu nome ficou fora do relatório parcial da CPI dos Bingos, mas nunca se sabe se vai -e como- aparecer no Ministério Público, na Polícia Federal e, eventualmente, na Justiça.
Com esses amigos que Palocci arranja, tudo é possível. Rogério Buratti continua falando em propinas da Prefeitura de Ribeirão Preto para o PT. O Ademirson não sei o quê está enrolado na CPI dos Bingos. O tal do Poletto fala de dólares de Cuba disfarçados em caixas de uísque. Ficou tudo no ar. Pode ou não explodir.
Por essas e outras, Palocci pode ser compelido a trocar a Fazenda pela segurança de um bom e velho mandato de deputado federal, o que, entre outras benesses, lhe garantiria foro privilegiado para "eventualidades".
Como sair da Fazenda não é tão fácil, seja para onde for, Lula e Palocci discutem como dourar essa pílula. Como? Transformando Palocci novamente em coordenador da campanha presidencial de Lula, como foi em 2002. Uma saída estratégica, no meio de uma reforma ministerial. Ou seja: ele sairia, ou sairá, por cima. Ao lado de vários outros ministros-candidatos e com a nobre missão de chefiar a campanha da reeleição.
No seu lugar, poderia ficar o co-piloto, como o secretário-geral, Murilo Portugal, ou mesmo um piloto automático. Mas, atenção, é bom ficar de olho no presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, opção para o final deste mandato e para um eventual segundo, se Lula chegar lá.
Gabrielli é a estrela em ascensão num cenário sem estrelas -a não ser aquela vermelha que inundou o país de esperança em 2002. E que, aliás, também está sendo convenientemente trocada -ou "modernizada".

@ - elianec@uol.com.br


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