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FERNANDO RODRIGUES
20 partidos e fisiologia
BRASÍLIA - O Congresso voltou a
funcionar para valer ontem. Estava
parado desde meados de dezembro
passado. Pouco menos de dois meses de inoperância completa.
No plenário, há 20 partidos representados. É um recorde no período pós-1994, quando o país passou a ter regras (quase) estáveis.
Em 1995, havia 17 partidos com
deputados no início da legislatura.
Quatro anos depois, em 1999, o número pulou para 18. Quando Lula
tomou posse pela primeira vez, em
2003, "apenas" 16 partidos tinham
cadeiras na Câmara.
Agora, o recorde de 20 partidos
representados dentro do Congresso aumenta o grau de dificuldade
para o governo, qualquer governo,
extrair algum tipo de consenso sobre projetos polêmicos.
Pior ainda: não há perspectiva de
solução organizativa. Desde 1995,
todos sonhavam com o ordenamento decorrente da cláusula de
desempenho. Siglas nanicas poderiam existir, mas teriam regalias de
acordo com a sua votação. Como o
Supremo Tribunal Federal derrubou esse dispositivo, nada no horizonte indica maior clareza na divisão partidária nacional.
Mesmo que algo fosse votado
agora -uma nova cláusula de desempenho-, teria de ser para valer
daqui a uma ou duas legislaturas.
Serviria para deputados e senadores que tomassem posse em 2015.
Até lá, só a fisiologia sustentará o
Poder Executivo dentro do Congresso. Cargos e verbas do Orçamento. O ministro Tarso Genro pode falar em coalizão programática.
Os partidos vão apoiar em público.
Os incautos acreditarão.
Mas eu estive ontem no plenário
da Câmara. Eu ouvi o que diziam os
deputados. Eles querem cargos.
Eles querem verbas.
Há exceções, claro. Mas apenas
confirmam a regra. Lula terá de
suar para arrancar a aprovação do
PAC dessa turma.
frodriguesbsb@uol.com.br
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