|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Cartel na merenda
O MINISTÉRIO Público Estadual investiga a existência
de conluio entre um grupo de empresas de merenda escolar para fraudar licitação da
Prefeitura de São Paulo, ocorrida
em maio de 2007. A peculiar parceria público-privada inclui, suspeita-se, corrupção de servidores e lavagem de dinheiro.
A investigação se estende a outros 13 municípios, envolvendo
as mesmas companhias. Mas o
filé mignon está em São Paulo,
onde as prestadoras terceirizadas recebem do município mais
de R$ 200 milhões por ano.
A gravidade da denúncia ganha
proporções ainda maiores porque o esquema não atinge apenas a saúde dos cofres públicos.
Os alunos da rede paulistana
também são vítimas da má qualidade da alimentação fornecida.
A apuração ainda está em curso, mas os elementos reunidos
até o momento indicam que a
prefeitura precisa rever sua conduta nessa área.
A terceirização da merenda começou sob Marta Suplicy (PT) e
foi ampliada por Gilberto Kassab
(DEM). A Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas, a pedido
da prefeitura, concluiu que ela
redunda em custos maiores para
o erário. No formato atual, a municipalidade tem poucas justificativas para manter essa opção.
O Ministério Público recomendará que a municipalidade
acabe com a terceirização da merenda em 45 dias. Das duas, uma:
ou a gestão Kassab opta por esse
caminho, ou apresenta, logo, um
programa reformulado para o
fornecimento de merenda, que
equacione custos e qualidade e
afaste riscos de manipulação.
Além disso, a municipalidade
também precisa agir com firmeza para apurar as suspeitas contra funcionários. Um ex-diretor
da merenda da prefeitura -responsável pela licitação sob inquérito- tornou-se diretor de
uma das principais empresas investigadas. E esse pode não ser o
único caso de confusão entre público e privado no episódio.
Texto Anterior: Editoriais: Mudanças no Iraque Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: De imóveis e patins Índice
|