|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SÉRGIO MALBERGIER
Lula "lame duck"
SÃO PAULO - Por mais forte que
esteja, e ele está no pico, o presidente Lula inapelavelmente perde força à medida que nos aproximamos
do final de seu mandato. É uma lei
da política, conhecida nos EUA como "lame duck", o "pato manco"
que logo vai parar de voar.
Por isso, já não importa tanto saber o que ele fará ou não fará. Na democracia, a fila anda, e o foco deve
ser transferido para os planos de
sua sucessora ou seu sucessor.
Há um sentimento de que o Brasil achou seu rumo desde que Lula
guiou a esquerda ao centro, ao consenso seminal em torno do capitalismo de mercado, nos dando valiosíssimos 15 anos de estabilidade.
Lula, claro, é o maior presidente
do Brasil, odeie-se ou ame-se o mito. Primeiro presidente pobre num
país de pobres, focou as ações do governo nessa massa de brasileiros
cuja ascensão econômica, já em
curso, é o único caminho para a
prosperidade nacional.
Pai dos pobres, mãe dos ricos, sob
Lula os extremos sociais enriqueceram como nunca. E juntos. É isso
que precisa ser preservado depois
que o presidente for pescar.
Enquanto na caverna tucana reina silêncio e indefinição, o lado petista dá sinais de uma guinada para
a esquerda. Tão esperada, devido ao
ocaso de Lula, quanto indesejada.
O desastrado projeto de direitos
humanos, as tentativas reincidentes de controle da mídia, os esboços
de um programa de governo estatizante num país onde a corrupção
impera em todas as instâncias são
sinais claros de que o esquerdismo
derrotado pela história ainda vive
em corações e mentes de petistas.
Do jeito que vão as pesquisas, as
alianças partidárias e a economia,
amplamente favoráveis ao governo,
a recaída esquerdista do PT será
uma das poucas ameaças à campanha de Dilma Rousseff num país
que, se aprendeu a gostar de Lula,
segue conservador.
Lula soube confinar muito bem
essas ameaças internas. Dilma,
neófita no partido, precisa aprender também isso com seu mestre.
Texto Anterior: Editoriais: Inovar para sobreviver
Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Titanic do século 21 Índice
|