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São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2003

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SEM PROJETO

Além de representar um risco para a autoridade moral das Forças Armadas, a permanência de militares nas ruas do Rio, como pediu a governadora Rosinha Matheus (PSB), pode não ter efeito nenhum além do propagandístico.
A governadora alega que a presença dissuasiva de tropas do Exército em pontos críticos libera policiais para operações específicas contra traficantes de drogas, responsáveis por ações violentas que afetaram a população fluminense. Mas os acontecimentos desta semana mostraram que o Rio não tem um plano coerente para combater a distribuição e a venda de entorpecentes.
Na segunda-feira de Carnaval, 400 policiais ocuparam a favela da Rocinha, apontada pela Secretaria de Segurança como o maior entreposto de drogas do Rio. Saíram de lá sem efetuar nenhuma prisão. Ontem, a polícia entrou em confronto com delinquentes em outro morro, onde estaria sendo recebido um carregamento de armas. Sete supostos traficantes morreram, mas a quantidade de armamento apreendida foi ínfima. Uma terceira favela foi invadida por cem policiais, de madrugada, depois que um PM foi morto no local.
Essa sequência de eventos não deixa dúvidas, se alguém as tinha, de que a situação da violência no Rio passa dos limites. Mas demonstra, principalmente, que a atuação do governo é apenas reativa. Nessas circunstâncias, a presença de soldados nas ruas parece pouco proveitosa.
Já foi dito inúmeras vezes que não existe solução fácil nem rápida para o problema do narcotráfico e da violência provocada por ele. Operações improvisadas apenas provocam a ira de populações que vivem no fogo cruzado entre os dois lados.
Somente um plano sério, inteligente e imune a disputas políticas pode contribuir para minorar o problema sobre bases sólidas, que não venham a ser derrubadas pela evidência de que sempre haverá alguém disposto a arriscar-se para vender drogas, se existir demanda por elas.


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