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SEM PROJETO
Além de representar um risco para a autoridade moral das Forças
Armadas, a permanência de militares nas ruas do Rio, como pediu a
governadora Rosinha Matheus
(PSB), pode não ter efeito nenhum
além do propagandístico.
A governadora alega que a presença dissuasiva de tropas do Exército
em pontos críticos libera policiais
para operações específicas contra
traficantes de drogas, responsáveis
por ações violentas que afetaram a
população fluminense. Mas os acontecimentos desta semana mostraram
que o Rio não tem um plano coerente para combater a distribuição e a
venda de entorpecentes.
Na segunda-feira de Carnaval, 400
policiais ocuparam a favela da Rocinha, apontada pela Secretaria de Segurança como o maior entreposto de
drogas do Rio. Saíram de lá sem efetuar nenhuma prisão. Ontem, a polícia entrou em confronto com delinquentes em outro morro, onde estaria sendo recebido um carregamento
de armas. Sete supostos traficantes
morreram, mas a quantidade de armamento apreendida foi ínfima.
Uma terceira favela foi invadida por
cem policiais, de madrugada, depois
que um PM foi morto no local.
Essa sequência de eventos não deixa dúvidas, se alguém as tinha, de
que a situação da violência no Rio
passa dos limites. Mas demonstra,
principalmente, que a atuação do governo é apenas reativa. Nessas circunstâncias, a presença de soldados
nas ruas parece pouco proveitosa.
Já foi dito inúmeras vezes que não
existe solução fácil nem rápida para o
problema do narcotráfico e da violência provocada por ele. Operações
improvisadas apenas provocam a ira
de populações que vivem no fogo
cruzado entre os dois lados.
Somente um plano sério, inteligente e imune a disputas políticas pode
contribuir para minorar o problema
sobre bases sólidas, que não venham
a ser derrubadas pela evidência de
que sempre haverá alguém disposto
a arriscar-se para vender drogas, se
existir demanda por elas.
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