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CLÓVIS ROSSI
Os sem-oportunidades
MADRI - Patrick O'Callaghan, brasileiro que vive há cinco anos na Espanha, onde trabalha na Bosch, escreve para reclamar do texto sobre
os dois jovens brasileiros retidos no
aeroporto de Barajas.
A tese dele é a seguinte: "A polícia
de imigração está barrando os brasileiros devido ao aumento de
400% no número de imigrantes
brasileiros nos últimos quatro anos.
Além disso, houve detenções de
máfias russas e ucranianas que exploravam brasileiras no mercado
sexual. Outro tema importante: foi
descoberta uma máfia brasileira em
Madri que vendia RGs portugueses
falsos".
Depois, emenda com outros casos envolvendo brasileiros.
O'Callaghan esclarece que não
concorda com as práticas aleatórias
da imigração espanhola e conta que
teve amigos que vinham visitá-lo e
foram barrados "sem nenhuma
explicação".
Mas acha que é obrigação do jornalismo "mostrar ambos lados da
moeda", no caso as práticas arbitrárias e aleatórias e as supostas razões
de fundo para visar especialmente
brasileiros.
De acordo, Patrick. Mas tenho
dúvidas se o fato de haver brasileiros envolvidos em crimes e em
prostituição (de fato é grande o número de garotas de programa brasileiras na Espanha) é realmente o
que leva os policiais a perseguir especialmente brasileiros. Tenho circunstancialmente cruzado com a
diáspora brasileira em vários países
-e em todos, não apenas na Espanha, há queixas de perseguição pelo
fato de ser brasileira.
Suspeito que o verdadeiro problema está no aumento (de 400%,
segundo ele) no número de imigrantes. Quanto mais gente vem em
busca do paraíso, suposto ou real,
maior a reação, que não se justifica.
Mas pode ser uma explicação.
O que não se explica é por que
tanta gente está fugindo de um país
que sempre foi tido como terra de
oportunidades.
crossi@uol.com.br
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