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BATALHA INJUSTA
Terminou na última segunda-feira, no Tribunal de Justiça de
São Paulo, a insólita disputa judicial
entre a advogada Thays Martinez e o
Metrô paulista. Martinez, que é deficiente visual, pleiteava desde o ano
2000 o justo direito de circular pelos
vagões e pelas estações do metrô
com seu cão-guia.
O Metrô proibiu a entrada do cachorro sem um documento específico autorizando um cão a andar em
suas dependências -algo que simplesmente não existe.
Além de contrária ao mais elementar bom senso, a restrição imposta
pela estatal paulista viola direitos assegurados a pessoas com deficiência. A entrada de deficientes visuais
com cães-guias em locais públicos é
garantida pelas legislações municipal e estadual - norma federal de
teor parecido espera regulamentação. A decisão do Metrô de travar até
o fim essa injusta batalha nos tribunais ameaçava tornar-se precedente
para que outros órgãos fizessem exigências semelhantes, dificultando
ainda mais a locomoção de deficientes físicos.
O embate, que durou cerca de seis
anos, findou com a vitória do bom
senso. O Tribunal de Justiça, em decisão unânime, entendeu que a advogada pode utilizar as instalações do
metrô acompanhada por seu cachorro. Para tanto, ela terá de carregar um
atestado de saúde do animal, um
comprovante de treinamento e um
termo de responsabilidade por eventuais danos a terceiros.
O episódio deveria exercer um efeito pedagógico sobre o poder público. Trata-se de um emblema das situações kafkianas -e de resto injustas- às quais pode conduzir o apego irrefletido à rotina burocrática. É
de esperar que, a partir de agora, casos como o de Thays Martinez sejam
resolvidos de forma mais ágil, sem
recurso desnecessário à Justiça.
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