São Paulo, sábado, 07 de abril de 2007

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O impacto dos EUA

Emergentes dependem menos da economia dos Estados Unidos, mas América Latina é exceção, afirma estudo do FMI

OS SINAIS reiterados de desaceleração na economia americana, com as quedas nos preços e na quantidade de imóveis vendidos e construídos, trazem preocupações aos investidores e aos governos dos diferentes países. Teme-se que o aumento da inadimplência nos financiamentos imobiliários nos EUA contraia o crédito e restrinja o consumo e os investimentos -com repercussões na economia mundial.
Um aspecto atenuante para esse diagnóstico acaba de ser divulgado pelo FMI. Segundo a publicação "Panorama Econômico Mundial", reduziram-se os impactos da economia americana na dinâmica da produção global. Uma desaceleração da maior economia do planeta já não se propagaria hoje com a mesma força de crises anteriores.
Pelo método da paridade do poder de compra, que procura comparar a capacidade de adquirir bens e serviços das moedas nacionais, a participação dos EUA no PIB global caiu de 28% em 1950 para 20,5% em 2005. Entre os países desenvolvidos, a região européia também perdeu participação, enquanto o Japão ganhou (até 1990).
Nesse período de 55 anos, os países em desenvolvimento galgaram mais de 10 pontos percentuais. A sua participação no PIB global chegou a 50,5% em 2005.
Esse movimento foi impulsionado pela Ásia, sob a liderança da China, que passou a responder por 14% do PIB global, e da Índia, com 5,7%. Houve também a queda da participação dos países do Leste Europeu e antiga União Soviética, de 13,3% para 6% no mesmo período. O Brasil respondia por 1,7% do PIB global em 1950 e passou para 2,7%.
Reconhecer os avanços dos países em desenvolvimento, no entanto, não implica desconsiderar o papel crucial desempenhado pelo dólar e pelo sistema financeiro americano no mercado de capitais mundial. Tampouco significa desprezar a importância da demanda americana para o comércio global.
O FMI alerta que, contrariando a regra geral, a crescente integração financeira e comercial ampliou o potencial de repercussão das turbulências americanas para alguns países. Os impactos seriam maiores na América Latina, sobretudo nas economias mexicana e brasileira.
O Brasil vem tomando medidas preventivas a esse respeito: melhorou bastante seus indicadores de solvência externa e diversificou seus parceiros comerciais nos últimos anos. Se terão sido suficientes para evitar um eventual contágio em níveis dramáticos, o tempo dirá.


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