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FERNANDO RODRIGUES
"Tran-ki-lis"
BRASÍLIA - Lula atrasou-se duas
horas na última quarta-feira para o
almoço com o presidente do Equador, Rafael Correa. O evento começaria às 13h. O petista só apareceu
às 15h. Ao final do encontro, descontraído, recomendou aos jornalistas que ficassem "tranquilis"
(pronunciou "tran-ki-lis").
O presidente é o brasileiro com
mais votos no país. Foi reeleito em
outubro passado com o apoio de
58.295.042 eleitores. Lula deve saber o que faz. Em "time que está ganhando não se mexe", diria ele no
seu usual jargão futebolístico.
Vigora entre os petistas lulistas
uma tese segundo a qual, não bastasse toda a popularidade, Lula seria também um homem de sorte
além da conta. Até as conseqüências de seus erros ou omissões são
mais leves do que foram para os antecessores do PT no Planalto.
O apagão elétrico de FHC castigou todos os eleitores, de pobres a
ricos. Um caos. O apagão aéreo de
Lula só atinge diretamente a uma
parcela reduzida da população -os
passageiros de avião. Por mais que a
classe média tenha entrado nesse
clube, freqüentar aeroporto ainda é
quase proibitivo para o eleitorado
do Bolsa Família.
Presidente mais popular desde a
volta do Brasil à democracia, Lula
vai levando. Fala como seu eleitorado gosta e entende. Atrasa compromissos com gente importante. Tem
um estilo de governar.
O saldo dessa auto-suficiência só
será conhecido mais adiante. É difícil imaginar algum presidente no
futuro com tanto poder como o delegado hoje a Lula.
Para quem olha de perto, a impressão maior é a de oportunidades
perdidas em série. O petista reforça
alguns dos piores valores oferecidos pelo Brasil ao mundo -atrasos
contumazes e pouco apreço pela
eficiência administrativa.
Certos valores só podem ser promovidos por quem os têm. Lula não
se importa. Está "tranquilis".
frodriguesbsb@uol.com.br
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