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FERNANDO RODRIGUES
Lulocentrismo e dilmismo
BRASÍLIA - Pouco se faz ou se decide na campanha de Dilma Rousseff sem a bênção de Lula. A centralização dos debates relevantes é
completa. Seria prematuro apontar
o mandonismo lulista como algo líquido e certo num eventual governo Dilma em 2011. Mas, por enquanto, os sinais emitidos são exatamente nesse sentido.
Tome-se o caso curioso da agenda da petista no dia 10 de abril, sábado, quando José Serra (PSDB)
lançará de maneira oficial sua pré-candidatura a presidente. O evento
será em Brasília, numa anunciada
grande festa tucana. Os petistas
passaram dez dias pensando no que
fazer com Dilma nessa data.
Só ontem no fim do dia Lula bateu o martelo e optou-se por uma
visita à região do Grande ABC. Antes, a ideia inicial havia sido levar
Dilma e Lula ao Rio para um evento
público no momento em que Serra
estivesse lançando sua candidatura
em Brasília. Houve divergência
dentro da coordenação petista.
Alguns mais radicais sonharam
em promover um convescote de
Dilma por locais que ficaram alagadas em São Paulo no início do ano.
Ou uma passagem rápida pelo notório buraco do metrô paulistano.
Tudo ficou suspenso até Lula ter
dado ontem sua palavra final.
Some-se ao lulocentrismo a atitude também centralizadora de Dilma Rousseff. A petista até hoje não
tem página oficial na internet nem
perfis próprios nas redes de relacionamento social. Está tudo pronto,
mas só nesta semana a candidata
reservou um pouco de tempo para
aprovar os layouts preparados. Por
enquanto, não fala de maneira direta com os mais de 60 milhões de
brasileiros com acesso à web.
Se a ex-ministra deslanchar nas
pesquisas e ganhar em outubro, essas idiossincrasias ficarão para trás.
No caso de a campanha fazer água,
o lulocentrismo e o dilmismo ocuparão papel de destaque como fatores responsáveis pelo eventual descarrilamento da candidatura.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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